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Crise econômica

Jornais analisam cortes na Air France

A direção da Air France anunciou ontem que pretende cortar cerca de 2.500 postos de trabalho em 2014 por meio de um plano de demissões voluntárias. A empresa, que passa por uma grande reestruturação, já eliminou 5.600 vagas nos últimos dois anos. Os jornais franceses desta quinta-feira, 1° de agosto, comentam esse anúncio.

Um avião da Air France no aeroporto de Nice; a direção da companhia aérea anunciou ontem que pretende cortar mais 2.500 postos de trabalho.
Um avião da Air France no aeroporto de Nice; a direção da companhia aérea anunciou ontem que pretende cortar mais 2.500 postos de trabalho. REUTERS/Eric Gaillard
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O jornal especializado em economia Les Echos analisa por que a companhia aérea francesa precisa cortar 5% dos seus postos de trabalho. "No fogo cruzado entre as companhias low cost e suas ricas concorrentes do Golfo, prejudicada pelo alto nível dos encargos sociais franceses, a Air France está condenada a reduzir seus custos", analisa o diário.

Les Echos afirma que a estratégia da Air France é apostar nos voos de longa distância e na clientela profissional, mais rentáveis, e reduzir os custos de suas operações dentro da Europa.

Já o jornal comunista L'Humanité ficou indignado com esse anúncio. O título da sua reportagem sobre o tema é "Nova sangria na Air France". O jornal entrevista representantes sindicais que criticam a maneira como a reestruturação da companhia tem sido feita.

L'Humanité diz que os assalariados da Air France estão pagando caro a fusão com a holandesa KLM, em 2003, e a privatização da companhia, em 2004. Esse processo de liberalização teve como consequência a terceirização de serviços, redução de efetivos, congelamento dos salários e das contratações e renegociação de conquistas trabalhistas.

A reestruturação afeta principalmente o pessoal que trabalha em terra, explica L'Humanité. Para enfrentar o endividamento do grupo, que piorou com a crise de 2008 e chegou a 6,5 bilhões de euros em janeiro de 2012, a direção quer reestruturar principalmente suas atividades de curta e média distância e reduzir a atividade do seu setor cargueiro.

Mas o jornal comunista diz que a péssima situação financeira do grupo se deve em grande parte a más escolhas estratégicas. E que foi a decisão de reduzir os custos nas operações de curta e média distância, por exemplo, que contribuiu para que esses setores se tornassem ainda mais deficitários.

O jornal progressista Libération afirma que os sindicatos já esperavam um anúncio desse tipo, mas ficaram chocados com o grande número de cortes planejados. Os sindicalistas cobram explicações da direção, que vai anunciar mais detalhes sobre os cortes em uma reunião prevista para o dia 4 de outubro.

Libération também cobra o Estado francês, que possui 15% das ações da Air France. O grupo lamentou ontem a decisão do governo de aumentar em 12,7% um imposto sobre as passagens de avião destinado a financiar a ajuda aos países pobres.A Air France é a única companhia obrigada a pagar esse tipo de imposto na Europa, o que prejudica sua competitividade.
 

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