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Planeta Verde

Estudos avaliam poluição atmosférica e das águas no mar Mediterrâneo

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O verão chegou na Europa e, com ele, milhares de veranistas correm para as praias do mar Mediterrâneo, conhecido pelo azul transparente e os iates com gente famosa. Mas apesar imagem paradisíaca, o Mediterrâneo enfrenta graves problemas de poluição. Dois grandes estudos que acabaram de sair avaliam a situação da poluição atmosférica e das águas.

Lixo volta às praias após períodos de chuva, como na praia do Prado, em Marselha.
Lixo volta às praias após períodos de chuva, como na praia do Prado, em Marselha. Sufrider Foundation Europe
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O primeiro deles resultou em um atlas da qualidade marinha na França, após mais de 10 anos de pesquisas da Agência da Água Rhône Méditerranée Corse. Ele concluiu que, se por um lado o despejo de resíduos químicos se reduziu, com o aumento das estações de tratamento, por outro 21% da costa está degradada - e 10% da região não tem mais nenhuma forma de vida marinha.

“Estamos mais preocupados sobre as questões de uso do mar. Um exemplo claro é nos cais, quando os barcos ancoram. Por causa das âncoras, há milhares de arranhões no solo, nas ervas marinhas, uma maravilha ecológica que cresce muito lentamente” afirma Martin Guespereau, diretor da agência. “O tempo do mar é um tempo demorado, e é realmente importante que os navegadores cuidem melhor disso. Você faz um arranhão e são necessários 100 anos para recuperar o que você fez em um minuto.”

Outro aspecto que preocupa é o transbordamento das estações de tratamento quando acontecem fortes chuvas, um problema que afeta vários países europeus e resulta na poluição dos mares e rios. Mas Guespereau garante que, ao contrário do que muita gente pensa, o Mediterrâneo não é o mar mais poluído do mundo.

“É claro que um mar fechado tem alguns problemas bastante específicos, como os de macro detritos, como sacos plásticos. Mas sobre o aspecto da poluição química, da qualidade da água para os peixes, o Mediterrâneo está em um estado muito melhor do que vários outros mares”, sustenta.

Já o estudo chamado Charmex, do qual participam mais de 100 pesquisadores de 10 países, ainda está em curso e avalia os efeitos da poluição atmosférica no mar que banha a França, a Itália, a Espanha, e também o norte da África. Esta forma de poluição pode agravar os efeitos das mudanças climáticas na região, devido ao aumento da seca. François Dulac, coordenador do projeto, explica que a camada de partículas impede a penetração dos raios solares, portanto da evaporação das águas. Resultado: ocorrem menos chuvas.

“Tem um efeito potencial de amplificação da seca no verão, época em que temos muita poluição atmosférica no Mediterrâneo. Massas de ar carregadas de partículas que vêm dos continentes ficam sobre o mar. Elas vêm do Saara, ao sul, quando a cada vez que há uma tempestade de areia chegam centenas de milhares de tonelada de partículas na atmosfera”, diz. “E depois têm as partículas finas, através dos diferentes processos de combustão, produzidos nos diferentes países e que poluem a atmosfera.”

O pesquisador observa que este problema afeta todas as regiões que sofrem com a seca. “A poluição afeta o ciclo hidrológico não apenas da evaporação como através das propriedades das nuvens. Quando se aumenta a quantidade de partículas no ar, fazemos o vapor d'água condensar nos nós de partículas. A consequência é que as nuvens terão gotas menores, portanto menos tendência a precipitar.”

As conclusões definitivas do projeto Charmex não deve ser conhecidas antes de 2015.
 

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