Rússia diz ter provas de uso de armas químicas por rebeldes sírios
A Rússia garante ter provas de que rebeldes sírios utilizaram gás sarin no dia 19 de março deste ano, perto de Aleppo (norte). O anúncio feito pelo embaixador russo na ONU, Vitali Tchurkine, foi imediatamente rechaçado pelos Estaods Unidos, que disseram nunca ter visto qualquer evidência que sustente esta afirmação.
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De acordo com Tchurkine, especialistas russos recolheram amostras do local do ataque, em Khan al-Assal, e as provas foram enviadas em um documento de 80 páginas ao secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon. Este mesmo texto seria enviado a França, Estados Unidos e Reino Unido, que acusaram diversas vezes as forças de Bashar al-Assad de ter usado armas químicas.
O embaixador afirmou ainda que um projétil não teleguiado do tipo "Bashar 3" de fabricação caseira teria sido usado pelos rebeldes e que as análises dos estilhaços mostraram que ele estaria cheio de gás sarin. Este único tiro sobre Khan al-Assal, região dominada pelo exército sírio, teria matado 26 pessoas - entre elas, 16 soldados sírios.
Ele não quis especular onde ou como os opositores teriam obtido o produto, mas lembrou que a Brigada Bashar al-Nasser, ligada ao Exército Sírio Livre começou a produzir artesanalmente mísseis Bashar 3. "Temos todos os motivos para acreditar que estes foram os combatentes da oposição armada que utilizaram armas químicas em Khan al-Assal", acusou Tchurkine.
O governo sírio pediu uma investigação da ONU, mas insiste que ela se concentre sobre o caso de Khan al-Assal e desconsidere outros incidentes, nos quais Londres, Paris e Washington desconfiam que forças leais ao regime tenham usado armas químicas. É o caso de um ataque a Homs, em 23 de dezembro de 2012. Essa divergência impede que a missão da ONU designada para o caso possa trabalhar no terreno.
Para o embaixador francês nas Nações Unidas, Gérard Araud, a acusação feita pela Rússia é mais uma razão para que a comissão chefiada pelo sueco Ake Sellstom possa realizar livremente suas investigações na Síria.
Na última segunda-feira, o governo sírio convidou dois altos funcionários das Nações Unidas para viajar a Damasco e discutir a questão da suposta utilização de armas químicas no conflito. Mas o porta-voz das ONU, Martin Nesirky recusou o convite, insistindo que a missão deve ter amplo acesso às zonas sob suspeita.
Tchurkine pediu que a ONU aceite a proposta síria e afirmou que a Rússia é favorável a investigar todas as acusações que têm credibilidade. E garantiu que os especialistas russos não ficaram minimamente impressionados pelas informações fornecidas por Londres, Washington e Paris.
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