Em menor número e com pautas definidas protestos podem continuar até 2014

Os protestos, que começaram no Brasil há pouco mais de três semanas, vêm perdendo intensidade, mas poderiam se estender até a Copa do Mundo e as eleições de 2014. Essa é a expectativa de especialistas em ciência política.

Manifestação no Rio de Janeiro no dia 20 de junho de 2013. REUTERS/Luciana Whitaker

Os momentos de grande visibilidade internacional, como a Jornada Mundial da Juventude, que acontece esse mês com a participação do primeiro Papa latino-americano, e o grande evento esportivo organizado pela FIFA no próximo ano, devem favorecer o aumento da pressão popular sobre o governo e as gestões locais.

Teresa Cristina Schneider, professora ciência política da PUC do Rio Grande do Sul, acredita que apesar da redução do número de manifestantes, os protestos devem continuar com pautas mais específicas ligadas a cada diferente região. "Acho que a reforma política é o centro do debate nas próximas semanas, até a decisão do governo ficar definida, é difícil saber qual o rumo que as manifestações vão tomar", afirma.

Com a ausência de organizações sindicais e de líderes no processo é difícil determinar a direção que será tomada pelo movimento, mas Frédéric Louault professor de ciência política da Université Libre de Bruxelles e vice-presidente do Observatório Político da América Latina e Caribe também prevê a continuidade do movimento com ações menos massivas e mais simbólicas ou mesmo radicais. Para ele, a população vai esperar para ver o resultado de uma consulta popular sobre a reforma politica e deve voltar às ruas com mais força no final do ano e perto da Copa do Mundo.

Além da queda da popularidade do governo da presidente Dilma Rouseff, o especialista aponta para outros efeitos políticos dessas manifestações a 14 meses das eleições presidências. "A curto prazo, o risco mais importante é o enfraquecimento da base aliada e a desestabilização política", explica.