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Imprensa

Feliciano é exemplo da influência dos evangélicos na política brasileira

O Brasil é destaque em dois jornais franceses que circulam nesta terça-feira. Dois temas chamaram a atenção: a enorme influência da bancada evangélica no Congresso, confirmada com a nomeação de Marco Feliciano para a Comissão de Direitos Humanos e de Minorias, e as críticas do Movimento Sem Terra à reforma agrária dos governos de esquerda no país.

O deputado Pastor Marco Feliciano
O deputado Pastor Marco Feliciano Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
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"A democracia brasileira está infiltrada de evangélicos." Com essa manchete, o jornal Le Figaro explica como esses aliados da presidente Dilma Rousseff estão impondo sua visão conservadora sobre a sociedade. A reportagem da correspondente do jornal no Rio de Janeiro começa com a declaração do pastor Marco Feliciano de que ao dar às mulheres os mesmos poderes, "elas querem trabalhar, o que destrói a família e cria uma sociedade de homossexuais".

As palavras do pastor evangélico tomaram nova dimensão desde que ele foi escolhido para chefiar a Comissão de Direitos Humanos e Minorias no Congresso, por imposição de seu partido, aliado do governo. Na sequência o Le Figaro explica que a presença de Feliciano na comissão faz parte da estratégia da forte bancada evangélica no Congresso de ocupar diversos postos em comissões principalmente relacionadas a questões da sociedade e de mídia. Le Figaro diz que a presença de evangélicos na política brasileira é recente e após o fim da ditadura, os pastores perceberam seu poder de comunicação e influência. Os evangélicos também se beneficiaram da decadência do catolicismo, afirma Le Figaro. Menos instruídos, os fiéis dessas igrejas são mais facilmente manipulados e votam pelos pastores.

O custo de alianças com a bancada evangélica tem um preço alto para o governo. Le Figaro cita como exemplo a retirada de um material pedagógico sobre Aids nas escolas, que estimulava o uso de preservativo. A Frente Evangélica aprovou a decisão, lembra o jornal. Um dirigente do programa da ONU contra a Aids no Brasil encerra a reportagem dizendo que neste caso o governo transmitiu uma imagem retrógrada sob influência de dogmas religiosos.

O problema dos sem-terra

Em nenhum outro lugar do mundo a distribuição de terra é tão desigual, afirma o Libération, que dedica duas páginas para fazer um balanço da reforma agrária. Os milhares de camponeses que lutam há 30 anos por uma melhor distribuição da terra contavam com a chegada da esquerda ao poder, mas os governos sucessivos de Lula e Dilma Rousseff satisfazem apenas parcialmente as reivindicações dessa população, constata o jornal.

O governo afirma já ter distribuído terra para 56% das 950 mil famílias de sem-terra que se beneficiaram da reforma agrária, em uma área equivalente a 27% das terras agrícolas do país. Mas para as lideranças do MST, a reforma é um fracasso, escreve o Libération.

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