Acessar o conteúdo principal
Reportagem

Atos contra muçulmanos e judeus aumentaram 23% na França

Publicado em:

Os atos contra muçulmanos e judeus na França voltaram a aumentar em 2012. Em um relatório publicado hoje, a Comissão Nacional Consultativa dos Direitos Humanos afirma que as manifestações racistas, xenofóbicas e antissemitas cresceram 23% no ano passado, num total de 1.530 atos registrados, ou cinco vezes mais do que 20 anos atrás.

Túmulos de muçulmanos de um cemitério militar no norte da França são pichados com símbolos nazistas.
Túmulos de muçulmanos de um cemitério militar no norte da França são pichados com símbolos nazistas. REUTERS/ Pascal Rossignol
Publicidade

A presidente da comissão, Christine Lazerges, citou a crise econômica na Europa como uma das razões que eleveram as estatíticas. "Em época de crise, o outro é percebido como um concorrente na busca por um emprego. Por isso, em situação de crise econômica, é sabido que a intolerância piora e que os preconceitos aumentam", disse.

Etienne Allais, diretor-geral da associação SOS Racisme, a principal organização de luta contra as discriminações na França, não se surpreendeu com os dados divulgados hoje. Para ele, existe uma liberalização preocupante das declarações preconceituosas ultimamente. "A liberalização da palavra racista, especialmente por membros da elite e da política, derrubou tabus que existiam até então e permitiu a muita gente se exprimir livremente e passar mensagens que são, entretanto, proibidas pela lei", declarou.

Os atos antissemitas aumentaram 58% e os contra os muçulmanos, 30%. Mas os franceses demonstram uma resistência demarcada aos islâmicos, conforme uma pesquisa do relatório: 55% consideram que a França não deve facilitar o exercício do culto muçulmano no país. O pesquisador Vincent Geisser, especialista em discriminações contra os muçulmanos, considera que o aumento dos atos de intolerância refletem mais um tensão social do que religiosa.

"Quando visam um judeu ou um muçulmano, isso ocorre menos pela religião do que pelo simples fato de ser diferente. Eles são percebidos como minorias", afirmou. "O paradoxo é que quanto mais os muçulmanos se sentem bem na França, e quanto mais eles se afirmam como muçulmanos, mais eles são rejeitados."
 

 

 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Veja outros episódios
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.