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França/ Polêmica

Strauss Kahn pede que justiça proíba livro de ex-amante

O ex diretor-geral do FMI, Dominique Strauss Kahn, pediu à justiça francesa que confisque o livro de sua ex-amante, a advogada Marcela Iacub. A obra, que deve ser lançada na quarta-feira, gera polêmica na França depois que alguns trechos foram publicados pela imprensa francesa. No livro, ela chama DSK de "porco, machista e vulgar".

Capa do livro Marcela Iacub sobre sua relação com o ex-diretor do FMI, Dominique Strauss-Kahn.
Capa do livro Marcela Iacub sobre sua relação com o ex-diretor do FMI, Dominique Strauss-Kahn.
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Strauss Kahn está processando Marcela Iacub e sua editora, a Stock, por “violação à intimidade da vida privada” e pede a inclusão de um capítulo, em cada exemplar, e a apreensão do livro, segundo informaram seus advogados Richard Marlka e Jean Veil.

A Justiça da França vai realizar uma audiência amanhã para determinar se proíbe ou não o lançamento do livro, algo que não acontece desde 1996, quando foi barrado um livro que tratava do estado de saúde do ex-presidente François Mitterrand.

Os advogados também atacaram a revista “Le Nouvel Observateur”, que publicou na quinta-feira trechos do livro e uma longa entrevista com a autora. DSK pede 100.000 euros em perdas e danos à escritora e a mesma quantia à revista.

No livro “Belle et Bête” (Bela e Fera, livre tradução em português) Iacub relata sua ligação com o ex-diretor do FMI, de janeiro a outubro de 2012. Strauss Kahn nunca é realmente identificado no livro, mas a autora confirmou na entrevista ao Nouvel Observateur que trata-se dele, precisando que a obra contém elementos de ficção. O personagem principal é descrito como um ser “meio-homem, meio-porco”.

Na entrevista ela também relata uma conversa que teria tido com Anne Sinclair, na qual a jornalista e ex-esposa de DSK teria declarado que não vê nenhum problema em pedir a “uma camareira para fazer uma felação”, se referindo ao caso do Sofitel, em que DSK foi acusado de ter estuprado uma funcionária do hotel, em Nova York.

Acusações

Em correspondência endereçada a Jean Daniel, um dos fundadores do Nouvel Observateur, e publicada na quinta-feira no jornal Le Figaro, Strauss Kahn fala de seu “desgosto” e critica “o comportamento de uma mulher que seduz para escrever um livro, utilizando sentimentos amorosos para depois explorá-los financeiramente”.

“Além do caráter fantasioso e, portanto, inexato do relato, é um atentado desprezível a minha vida privada e à dignidade humana”, acrescentou o ex-diretor gerente do FMI que denuncia “uma operação que dá enjôo”.

Anne Sinclair, que inspirou a personagem da companheira do herói do livro, denuncia “uma citação enganosa e rancorosa” de sua entrevista, que teria sido “interpretada de maneira difamatória e delirante”. “Como, por razões mercantis, o Nouvel Observateur pôde cair tão baixo?”, pergunta Sinclair em uma carta ao editor da revista, Laurent Joffrin.

Polêmica

“Você era velho, gordo, baixinho e feio. Você era machista, vulgar, insensível e mesquinho. Você era egoísta, bruto e não tinha cultura. E eu estava louca por você”, assim Marcela Iacub descreve Strauss Kahn em seu livro. Ela também afirma que estava apaixonada pelo “ser mais desprezível do país e do planeta” e que queria criar “uma teoria do amor” a partir de sua situação, “uma freira que se apaixona por um porco. Uma freira que se afasta da grandiosidade do amor divino para chafurdar no lixo.”

A advogada francesa de origem argentina é um personagem polêmico. Ela trabalha como cronista do jornal Libération, defende a liberdade sexual e milita pelo direito à prostituição e à pornografia. Em 2012 ela escreveu um ensaio em que defendia DSK contra acusações de estupro, chamado “Uma sociedade de estupradores?”. Segundo ela, o político teria sido vítima de feministas radicais.

A entrevista de Iacub na revista “Nouvel Observateur” gerou polêmica na imprensa e a reação de feministas que acreditam que ela transformou um algoz em vítima.

Dominique Strauss-Kahn concluiu em dezembro um acordo financeiro com Nafissatou Diallo, a camareira que o acusava de agressão sexual. Este acordo colocou um ponto final no caso, 19 meses depois do escândalo que o obrigou a se afastar do FMI. Ele ainda é investigado por “proxenetismo organizado”, no caso do Hotel Carlton de Lille, no norte da França.

 

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