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Reportagem

Judeus e descendentes de nazistas fazem marcha pela vida na Polônia

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Uma marcha silenciosa e cheia de simbolismos atravessa a Polônia desde a segunda-feira. Unidos, descentes de judeus mortos dos campos de concentração nazista e familiares de soldados alemães que colaboraram com o extermínio em massa deste povo caminham, lado a lado, em nome da reconciliação, da vida e contra o antissemitismo. O ponto de partida foi o campo de Aushwitz, em um trajeto de quase 2 mil quilômetros.

Descendentes de ex-nazistas e de judeus caminham juntos na Marcha da Vida, no antigo campo de concentração de Majdanek, em Lublin, na Polônia, nesta quarta-feira.
Descendentes de ex-nazistas e de judeus caminham juntos na Marcha da Vida, no antigo campo de concentração de Majdanek, em Lublin, na Polônia, nesta quarta-feira. REUTERS/Rafal Michalowski/Agencja Gazeta
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O campo de Treblinka, perto da capital Varsóvia, é o ponto final da marcha, da qual participam quase 400 pessoas, levando consigo bandeiras da Alemanha, da Polônia e de Israel. A iniciativa foi de uma igreja protestante alemã de Tübingen, onde vários fiéis perceberam que seus familiares haviam tido um papel ativo ao lado do regime nazista.

Franck Pfeiffer, 40 anos, é neto de um atirador de elite da antiga SS, a polícia alemã que caçava judeus, mas só descobriu sobre o passado familiar recentemente. "Ninguém falava disso na minha família. Eu não sabia que ele tinha feito carreira na SS. Para nós, ele era apenas um soldado e éramos felizes por ele ter sobrevivido, mas a verdade não era bem essa", contou.

Os avós de Florian Kubsch também ajudaram o regime nazista, ao expulsarem de uma casa uma família de judeus que acabou deportada para um campo de concentração. "Como um membro da família, eu tenho a responsabilidade de lembrar o passado, afinal o meu avô nunca falou sobre isso. Estamos aqui na Marcha da Vida para lembrar o passado e para dizer que isso não pode nunca mais se repetir."

Para Pierre Marquis, da Fundação para a Mémória do Holocausto, em Paris, manifestações como esta são importantes tanto para os descendentes de judeus, como os de nazistas. "É uma maneira de aceitar a sua própria história familiar e ao mesmo tempo se distanciar dela, para poder se construir a partir disto, dizendo que somos herdeiros desta história, mas não devemos ser prisioneiros dela", considera.

Cerca de 6 milhões de judeus foram mortos na Segunda Guerra Mundial.
 

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