França anuncia novo governo, com paridade histórica
"A mudança que os franceses queriam". Assim o primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault definiu o novo governo do país, um governo profundamento renovado em que homens e mulheres exercem responsabilidades. Na questão da paridade, foi cumprida a promessa de campanha de François Hollande: as 34 pastas são igualmente divididas entre mulheres e homens, "uma première na história da República", ressaltou Ayrault. A novidade foi a criação de um ministério para a reconstrução produtiva.
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Para um presidente e um premiê que nunca ocuparam postos ministeriais, a estratégia foi apostar na experiência para as pastas mais cobiçadas. Muitos nomes pertenceram ao governo de coabitação do ex-premiê socialista Lionel Jospin com o ex-presidente de direita, Jacques Chirac, entre 1997 e 2002.
A pasta de Relações Exteriores foi concedida a Laurent Fabius, ex-primeiro-ministro de François Mitterrand e ex-ministro da Economia e Finanças de Jospin. A pasta de Economia e Finanças, estratégica nesses tempos de crise, foi para Pierre Moscovici, diretor de campanha de Hollande e ministro de Relações Europeias no governo Jospin.
O novo ministro do Interior é Manuel Valls, da ala direita do PS, que também foi o homem da comunicação e da imprensa de Jospin. A Justiça foi para as mãos da deputada guianense Christiane Taubira, que não é do Partido Socialista, mas do grupo RCV - Radicais, Verdes, Comunistas - que apoiou Hollande. Foi Taubira quem redigiu a lei que reconhece a escravidão como crime contra a humanidade.
A Educação, prioridade do governo, foi dada a Vincent Peillon, deputado europeu.
O Ministério da Defesa ficou com Jean-Yves Le Drian, que preparou a participação de François Hollande na cúpula da Otan, em 20 e 21 deste mês. Le Drian pede a retirada das tropas francesas do Afeganistão antes do fim deste ano.
A novidade deste novo governo é o surgimento de um ministério para a Reconstrução Produtiva, ocupado por Arnaud Montebourg, da ala esquerda do PS. A reindustrialização foi um dos temas principais da campanha e uma das prioridades dos próximos cinco anos.
As outras pastas contrabalançam nomes de políticos novos com experientes tarimbados.
Martine Aubry: primeira-ministra ou nada
O fato mais comentado, antes mesmo do anúncio do novo gabinete, foi a decisão de Martine Aubry, primeira-secretária do PS, de não fazer parte do governo, por não ter sido escolhida para o cargo de primeira-ministra. Ela estava cotada para ocupar um ministério de peso, mas recusou, obrigando Hollande e Ayrault a remanejar a formação.
A decisão de Aubry está tendo grande destaque nos bastidores políticos. Os partidários indagam se a atitude pode ou não repercutir na unidade do partido. A resposta deve ser conhecida no mês de outubro, quando será realizado o congresso anual do PS.
Conheça a formação do novo governo francês:
- Primeiro-ministro - Jean Marc Ayrault
- Porta-voz do governo e Ministra dos Direitos das Mulheres - Najat Vallaud-Belkacem
- Ministério das Relações Exteriores - Laurent Fabius
- Ministério do Interior - Manuel Valls
- Ministério da Economia, Finanças e Comércio - Pierre Moscovici
- Ministério da Justiça - Christina Taubira
- Ministro da Defesa - Jean-Yves Ledrian
- Ministério do Trabalho - Michel Sapin
- Ministério da Educação - Vincent Peillon
- Ministério da Cultura e da Comunicação - Aurélie Filippetti 10
- Ministério do Ensino Superior e Pesquisa - Geneviève Fioraso
- Ministério da Agricultura - Stéphane Le Foll
- Ministério da Saúde e Assuntos Sociais- Marisol Touraine
- Ministério da Ecologia, Des.Sustentável e Energia - Nicole Bricq
- Ministério da Recuperação Produtiva (Indústria) - Arnaud de Montebourg
- Ministra da Igualdade dos territórios e da habitação -Cécile Duflot
- Ministério para Reforma do Estado, Descentralização e Função Pública - Marylise Lebranchu
- Ministério dos Esportes - Valérie Fourneyron
- Ministério dos Departamentos Ultramarinos - Victorin Lurel
- Ministro delegado junto ao ministério da Economia, encarregado do Orçamento - Jérôme Cahuzac
- Ministro delegado junto ao Primeiro ministro - Alain Vidalies
- Ministro delegado encarregado da Cidade - François Lamy
- Ministro delegado do sucesso escolar - George Pau-Langevin
- Ministra delegada à Justiça - Delphine Batho
- Ministra delegada encarregada de PME, Inovação e Economia numérica - Fleur Pellerin
- Ministro delegado encarregado de Assuntos europeus - Bernard Cazeneuve
- Ministro delegado encarregado dos Antigos combatentes - Kader Arif
- Ministra delegada dos franceses do Exterior - Yamina Benguigui
- Ministra delegada junto às Questões sociais, Idosos e Dependentes - Michèle Delaunay
- Ministra delegada junto ao ministério da Reconstrução produtiva - Sylvia Pinel
- Ministro delegado junto ao ministério da Economia - Benoît Hamon
- Ministra delegada encarregada da Família - Dominique Bertinotti
- Ministra delegada encarregada de Pessoas com Necessidades Especiais - Marie-Arlette Carlotti
- Ministro delegado junto ao ministério das Relações Exteriores - Pascal Canfin
- Ministro delegado junto ao ministério da Ecologia - Frédéric Cuvillier
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