Casos de pedofilia não enfraquecem papa Bento 16, diz Vaticano

Segundo o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, as críticas sobre a atuação e o silêncio do papa diante de denúncias de pedofilia nos Estados Unidos e os recentes escândalos envolvendo padres que abusaram sexualmente de crianças em vários países atingiram a imagem da Igreja, mas não enfraquecem a autoridade de Bento 16.

O papa Bento 16 é criticado pelo silêncio na época em que era o responsável na Igreja por casos envolvendo padres pedófilos. Reuters

"Não há dúvidas que os recentes ataques da mídia provocaram estragos, mas a autoridade do papa e o engajamento da Congregação para a doutrina da fé contra os abusos sexuais de menores não ficam enfraquecidos e sim, reforçados", disse o porta-voz Federico Lombardi à Rádio Vaticano neste sábado.

Segundo ele, a maneira como a Igreja enfrenta a questão do abuso sexual contra menores é "crucial para sua credibilidde moral”, reconhecendo não estar surpreso com a repercussão dos casos por se tratar de “um assunto que desperta a atenção".

Na entrevista, Federico Lombardi se referiu ao 7° relatório anual sobre a aplicação da Declaração da proteção dos menores e jovens adotada pela Igreja nos Estados Unidos que revelou uma queda de 30% nas acusações de abusos no ano passado. Segundo Lombardi, a maioria das denúncias estaria relacionada a casos ocorridos há mais de 30 anos.

Escândalos

As graves denúncias de pedofilia na Igreja Católica começaram em novembro do ano passado com a publicação, na Irlanda, de um relatório que revelou centenas de casos de abusos sexuais de padres contra menores encobertados durante décadas pelos líderes religiosos locais.

Depois, surgiram denúncias na Alemanha, Áustria, Holanda, Suíça e Itália. No Brasil, um programa de televisão exibiu imagens de um padre de 82 anos em pleno ato sexual com um jovem, no interior de Alagoas. Depoimentos confirmaram que o padre abusava dos coroinhas e até praticava atos sexuais durante as celebrações.  

Em recente reportagem publicada pelo jornal The New York Times, o papa Bento 16 é acusado de ter "fechado os olhos" e se negado a punir um padre americano que teria abusado de mais de 200 crianças em uma instituição para surdos.

Na época, como dirigente da Congregação para a doutrina da fé, o então cardeal Joseph Ratzinger  era o responsável pelos casos de pedofilia na Igreja Católica.