Governo francês quer digitalizar serviços, mas 20% dos franceses não sabem usar internet
De acordo com uma reportagem publicada nesta quinta-feira (22) pelo jornal Les Echos, 13 milhões de franceses têm dificuldades com as ferramentas digitais. Para resolver o problema, o governo pretende ampliar o número de formações e evitar casos surpreendentes.
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Entre eles, cita o jornal francês, o de estrangeiros que não conseguem dar entrada no visto porque não têm acesso à internet, e nem sabem utilizá-la, ou profissionais de uma certa idade que não recebem seguro-desemprego porque não puderam consultar o e-mail. Jacques Toubon é representante da Defensoria Pública, instituição independente do Estado criada em 2011. Sua função é defender os direitos de cidadãos que não são respeitados, contribuir para a igualdade e garantir o acesso aos serviços.
Segundo ele, em entrevista aos Les Echos, a digitalização do serviço público exclui uma boa parte da população. As pessoas, diz, estão “perdidas” e precisam de um acompanhamento. Principalmente porque o governo se comprometeu, até 2022, todas as questões burocráticas deverão ser resolvidas online.
O objetivo, diz o governo, é modernizar os serviços, facilitar o acompanhamento dos processos pelos usuários e economizar no envio e no papel. O problema é que, para boa parte da população, a internet continua sendo um grande mistério. Para lutar contra a exclusão digital, a França anunciou em julho um investimento de cerca de € 10 milhões, para acompanhar esse público.
Digital é “outra língua” para boa parte da população
O chamado “Pass Numérique” dará direito a formações de 10 a 20 horas. As medidas fazem parte de um plano lançado em 2017 pela Secretaria de Estado encarregada do Desenvolvimento Digital.
Cerca de 20% da população é considerada analfabeta digital, para quem os serviços online se assemelham a uma “língua estrangeira”, diz Jean Deydier, fundador da associação Emmaüs Connect, que acompanha 10 mil pessoas todos os anos.
Segundo Yann Bonnet, especialista da transformação, durante muito tempo o governo se focalizou no acesso, sem investir no desenvolvimento de competências. “O digital está por todos os lados e evolui o tempo todo. Todos devem se formam de maneira contínua’”, conclui.
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