Em encontro com Macron na França, Putin diz não querer “coletes amarelos” em Moscou
A afirmação do presidente russo Vladimir Putin nesta segunda-feira (19) veio rebater o pedido de seu colega francês, Emmanuel Macron, por mais “liberdade de expressão” e pelo direito de candidatos independentes e da oposição se apresentarem nas eleições municipais de Moscou. Os dois chefes de Estado se encontraram no forte de Brégançon, no sul da França, e também abordaram outros assuntos como a Síria e a Ucrânia.
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Poucos dias antes da cúpula do G7 em Biarritz (sul da França), da qual a Rússia estará ausente, o presidente francês recebeu seu homólogo russo na residência de férias dos chefes de Estado da França. Várias questões importantes foram abordadas, num diálogo direto entre os dois líderes.
Síria: a Rússia “mantém seu apoio” ao exército sírio
"É imperativo - estamos muito interessados e teremos a oportunidade de falar mais sobre isso - que o cessar-fogo decidido em Sochi (Rússia) seja realmente respeitado", disse Macron a Vladimir Putin.
Este último, por sua vez, reforçou sua presença na região: "Apoiamos os esforços do exército sírio para eliminar as ameaças terroristas em Idleb", disse Putin.
Ucrânia: Macron defende reunião de cúpula a quatro
O presidente francês afirmou desejar que as condições sejam atendidas rapidamente para organizar "nas próximas semanas" uma cúpula entre França, Rússia, Ucrânia e Alemanha para resolver o conflito no leste da Ucrânia.
"As posições, as escolhas que foram feitas pelo presidente [ucraniano Volodimir] Zelenskiy são uma mudança real. O presidente Putin teve vários intercâmbios com ele nas últimas semanas, é para nós a oportunidade de rever esta situação, para poder trocar e preparar reuniões futuras. Em estreita ligação com o presidente Zelenski e a chanceler Merkel, teremos que considerar a oportunidade - que é o meu desejo - de uma nova cúpula no formato da Normandia nas próximas semanas, se conseguirmos configurar os caminhos para este progresso", disse Macron na ocasião.
Por sua vez, o chefe de Estado russo disse: "Vou abordar meus contatos com o novo presidente ucraniano. Há coisas que são dignas de discussão e que provocam um otimismo cauteloso”, disse Putin.
Eleições na Rússia
Emmanuel Macron pediu mais respeito à liberdade de expressão e à escolha de se concorrer às eleições na Rússia, onde mais de 2.000 manifestantes, pedindo eleições livres, foram presos nas últimas semanas.
O líder do Kremlin retorquiu dizendo que "não quer uma situação como os coletes amarelos" em Moscou.
O presidente francês anunciou ainda nestaa segunda-feira que viajará a Moscou em maio de 2020 para participar das celebrações na Rússia do 75º aniversário da vitória sobre a Alemanha nazista.
"Sou grato" a Emmanuel Macron por aceitar este convite, acrescentou Putin, num contexto onde os russos atribuem grande importância a estas comemorações, que vêm sendo evitadas pelos ocidentais desde a anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014.
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