Sciences Po, escola da elite política francesa, facilita acesso e aumenta número de bolsistas
O Instituto de Ciências Políticas de Paris, conhecido como Sciences Po, anunciou nessa terça-feira (25) uma reforma em seu sistema de admissão. A instituição, reputada por ter formado parte da elite política francesa e internacional, inclusive os cinco presidentes da França, decidiu suprimir um temido teste de conhecimentos gerais e aumentar o número de bolsistas. O objetivo é ampliar a diversidade de seus alunos, inclusive estrangeiros.
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O pesadelo de milhares de estudantes franceses que ambicionam uma carreira política está com os dias contados. A partir de 2021, Sciences Po vai abolir a avaliação escrita que servia de primeiro filtro para selecionar seus novos alunos. O teste era temido principalmente em razão da prova de conhecimentos gerais, maratona de perguntas genéricas que eliminava metade dos candidatos.
Com a reforma, os inscritos na seleção serão avaliados por quatro critérios: os boletins dos três últimos anos do ensino secundário, a nota no equivalente francês do ENEM, o perfil e a motivação. Em seguida, os que passarem essa primeira etapa serão submetidos a uma entrevista que poderá, inclusive, ser realizada à distância.
A instituição também pretende aumentar o número de alunos vindos de escolas situadas em zonas de educação prioritária.
Sciences Po de Paris é uma escola privada, que custa cerca de € 10 mil por ano. No entanto, a instituição já adapta o valor da matrícula em função da renda familiar do aluno. Além disso, um sistema de bolsas facilita o acesso dos estudantes economicamente desfavorecidos.
Mas a reforma anunciada para 2021 pretende ampliar esse dispositivo e tem a ambição de atingir 30% de bolsistas.
47% de estrangeiros
Os estudantes estrangeiros, que representam atualmente 47% dos efetivos da Sciences Po, estão entre os que mais beneficiam do sistema de bolsas. A instituição se orgulha de acolher alunos vindos de 150 países diferentes.
“Há quase 20 anos nós estamos provando que a seleção acadêmica e a abertura social não se opõem. Ao contrário, elas se reforçam”, defende Frédéric Mion, diretor da instituição. “Nós ganhamos em atratividade e em tamanho, melhoramos nossa reputação de excelência nos rankings e mantivemos nossa seleção, apesar de termos diversificado os perfis sociais, geográficos e acadêmicos de nossos estudantes”, insiste, lembrando que o objetivo de Sciences Po, que existe há 150 anos, é “formar os dirigentes de amanhã”.
A classe política francesa é composta basicamente por perfis vindos de duas grandes instituições do país: a ENA (Escola Nacional de Administração) e Sciences Po. As duas formaram praticamente todos os presidentes do país, além de chefes de organismos multilaterais e instituições públicas e privadas de renome pelo mundo afora.
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