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Imprensa

Primeiro transplante de útero na França levanta questão ética

Uma mulher de 34 anos, que nasceu sem o útero, foi a receptadora do primeiro transplante do órgão realizado na França. A doadora foi a mãe da paciente, de 57 anos. A operação, realizada no final de março, foi divulgada na quinta-feira (11). O assunto é destaque da imprensa francesa desta sexta-feira (12). O jornal La Croix levanta a questão ética do procedimento.

A imprensa francesa discute a ética em torno do primeiro transplante de ►tero realizado na França
A imprensa francesa discute a ética em torno do primeiro transplante de ►tero realizado na França DIBYANGSHU SARKAR / AFP
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A cirurgia aconteceu no hospital Foch de Suresnes, na região parisiense, pela equipe do professor Jean-Marc Ayoubi, relata o jornal Libération. A paciente sofre da síndrome de Rokitansky, ou seja, nasceu sem útero, uma condição que atinge uma mulher em cada 4.500.

Segundo os médicos, as duas mulheres, cujas identidades não foram reveladas, passam bem. Dentro de dez meses, uma transferência de embriões previamente congelados poderá ser realizada na paciente que recebeu o útero da mãe.

A intervenção é inédita na França e pode ser uma alternativa para concretizar o sonho da maternidade para mulheres que nasceram sem útero ou que tiveram o órgão retirado, por exemplo, por causa de um câncer. Pode se tornar opção também à barriga de aluguel, proibida no país, ou à adoção.

O primeiro bebê desenvolvido em um útero transplantado nasceu na Suécia em 2014. A doadora tinha 61 anos. Desde então, mais de 50 mulheres no mundo já receberam uma doação de útero, que resultaram em 15 bebês – nove na Suécia, dois nos Estados Unidos e um na Sérvia, China, Índia e Brasil.

O Brasil, aliás, entra na história da intervenção por ter realizado até agora o único transplante a partir do útero de uma doadora em estado de morte cerebral. A receptadora nasceu sem útero e o resultado, uma menina, nasceu em 2017.

Questão ética

O jornal católico La Croix levanta a questão ética sobre o procedimento, citando a Academia de Medicina da França, que já em 2015 falava sobre a especificidade dessa operação. A entidade lembra que esse tipo de transplante “não é vital, pois o objetivo não é de assegurar a sobrevivência de uma pessoa” ou de melhorar a qualidade de vida de um paciente, como no caso de um transplante de mão ou rosto.

A cirurgia “proporciona à mulher o sentimento de reparação de uma injustiça da natureza”, diz a Academia, que se questiona em seguida: “Deve-se colocar em risco a vida de uma mãe por causa de um órgão ausente?”. A entidade também questiona as reações possíveis de uma criança ao tomar consciência de ter vindo ao mundo a partir do útero da avó ou de uma desconhecida, explica o jornal La Croix.

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