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May busca apoio da França e Alemanha para adiar o Brexit

Num último esforço para destravar o impasse do Brexit, a primeira-ministra britânica, Theresa May, esteve em Berlim e Paris nesta terça-feira (9), às vésperas da reunião do Conselho Europeu de quinta-feira (11), que deve aprovar o pedido de adiamento da saída do Reino Unido da União Europeia de 12 de abril para 30 de junho.

A primeira-ministra britânica Theresa May se encontra em Berlim com a chanceler Angela Merkel, em 9 de abril de 2019.
A primeira-ministra britânica Theresa May se encontra em Berlim com a chanceler Angela Merkel, em 9 de abril de 2019. REUTERS/Hannibal Hanschke
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A líder britânica, que em casa enfrenta as críticas dos conservadores mais eurocéticos por sua decisão de recorrer ao apoio da oposição de esquerda em busca de um consenso que tire o país do caos político, trava sua batalha também no front europeu.

O Reino Unido deveria ter deixado o bloco em 29 de março. Agora, May tenta convencer os dirigentes pesos-pesados da União Europeia a concederem ao seu país mais uma prorrogação para o divórcio.

A fim de preparar o terreno, a chefe do governo britânico conversou por telefone na segunda-feira (8) com vários líderes europeus e na manhã desta terça-feira se reuniu em Berlim com a chanceler Angela Merkel.

Merkel considerou "possível" o adiamento da saída dos britânicos da União Europeia "até o início de 2020", segundo um participante de uma reunião de seu partido, o CSU.

"Estamos em uma situação muito frustrante, pois temos que dar tempo aos britânicos para saber o que eles desejam realmente", declarou o ministro alemão para Assuntos Europeus, Michael Roth, em Luxemburgo.

Empresários alemães preocupados

A Alemanha é um dos países mais "moderados" na questão do Brexit. Porém, diante do impasse, empresas alemãs já tomam medidas para um divórcio sem acordo. 2.300 companhias alemãs têm investimentos no Reino Unido, entre elas gigantes como a Bayer e a BMW, empregando quatrocentos mil trabalhadores no Reino Unido.

“Um Brexit sem acordo seria muito ruim para a economia alemã porque implica numa situação imprevisível”, explica Joachim Lange, da Federação das Indústrias Alemã. “Isso levaria a consequências caóticas e custaria muito caro. Bilhões já foram gastos na preparação para um divórcio difícil, dinheiro que poderia ter sido usado para investimentos”, completa.

Paris pede moderação

Antes do encontro entre May e o presidente francês Emmanuel Macron, o Palácio do Eliseu afirmou que Paris "não se opõe" a um adiamento do Brexit, "mas com certos limites e não a qualquer preço".

"A hipótese de uma prorrogação não é automática", ressaltou a ministra francesa Amélie de Montchalin. "É muito importante que esta demanda venha acompanhada de um plano político confiável que explique o que acontecerá durante a prorrogação solicitada", completou.

A França faz parte do grupo que defende uma postura mais firme em relação a Londres e que se preocupa com o bom funcionamento do bloco, caso o Reino Unido continue fazendo parte dele após as eleições para a Eurocâmara, previstas entre 23 e 26 de maio.

Preventivamente, o Reino Unido marcou eleições para o Parlamento Europeu no dia 23 de maio.

O que desejam os britânicos?

O negociador europeu para o Brexit, Michel Barnier, garantiu que a prorrogação da data do divórcio "dependerá" do que a primeira-ministra britânica disser a seus colegas europeus na cúpula em Bruxelas. "A decisão da UE nunca será um Brexit sem acordo", afirmou Barnier. Porém, cabe ao Reino Unido dizer o que quer, apontando para a possibilidade de Londres dar marcha a ré para a saída, ou aprovar o Tratado de Retirada para "evitar uma separação sem acordo", explicou Barnier, após uma reunião de ministros europeus em Luxemburgo para preparar a cúpula.

Internamente, as negociações entre o governo britânico e a oposição trabalhista para tentar tirar o Brexit do atual bloqueio foram adiadas para depois da cúpula na Europa, informou Downing Street.

"Os dois lados concordaram em se reunir novamente na quinta-feira após a conclusão do Conselho Europeu extraordinário sobre a questão", afirmou o governo de Londres em um comunicado, que descreveu as negociações com o Partido Trabalhista como construtivas.

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