Jovem homossexual é agredido em Paris, mas polícia recusa denúncia por homofobia
Os ataques de cunho homofóbico em Paris têm se tornado cada vez mais frequentes. No último domingo (14), a vítima foi Adil, um jovem de 21 anos, insultado dentro de um ônibus e agredido no 15° distrito de Paris, um dos bairros mais calmos da capital. Ele revelou a experiência no Twitter e recebeu várias mensagens de apoio.
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Com informações de FranceInfo
Por volta das 3h da manhã, Adil voltava de uma festa com um amigo, com quem se sentou no fundo do ônibus. “Um grupo de cinco pessoas, três meninas e dois homens, subiram. Um deles me olhou; eu estava maquiado. Ele começou a me chamar de ‘pédé’”. Em francês, a expressão “pédé” – diminutivo de “pederasta” – é comumente usada para depreciar homossexuais.
Adil conta que se recusou a “abaixar os olhos”. Segundo ele, isso irritou os provocadores, que estavam bêbados, e continuaram a insultá-lo durante todo o trajeto, que durou vinte minutos. “Ele continuou a me chamar de ‘pédé’ e a me ameaçar”. As meninas que acompanhavam o grupo aconselharam Adil a descer algumas estações antes do previsto e o jovem obedeceu, mas um dos agressores o seguiu na rua.
“Ele veio para cima de mim e me derrubou. Meus óculos caíram no chão”. O outro agressor, que desceu uma estação depois, chegou ao local onde os dois estavam e golpeou o rosto de Adil. “Eu estava mais do que chocado, estava com muita raiva. Não imaginei que seria tão violento”.
Mensagens de apoio nas redes sociais
A polícia chegou ao local pouco tempo depois e, ao perceber que o grupo era menor de idade, aconselharam Adil a “solucionar as coisas de forma amigável” e a trocar números de telefone com os agressores para que eles pagassem pelos óculos quebrados. Mas, após refletir, Adil decidiu fazer uma denúncia no comissariado de polícia do 15° distrito. “O policial não qualificou a agressão de ‘homofóbica’, mas de ‘gratuita’”, lamenta o jovem. A rádio FranceInfo entrou em contato com as autoridades responsáveis pelo registro, mas não obteve resposta.
Nas redes sociais, diversas personalidades francesas deram apoio a Adil. "Você tem razão de denunciar esse ato. É essencial que você faça uma denúncia", declarou a prefeita de Paris, Anne Hidalgo. "A homofobia é uma tendência contra a qual precisamos nos mobilizar", afirmou o deputado do partido A França Insubmissa, Bastien Lachaud. A Associação Stop Homofobia também propôs um acompanhamento à vítima, que aguarda a abertura de uma investigação e espera que a agressão seja considerada homofóbica.
Bonsoir. Je vous adresse tout mon soutien à la suite de cette agression. Vous avez raison de dénoncer haut et fort cet acte. Il est essentiel que vous déposiez plainte. Je vous souhaite beaucoup de courage. J'espère que l'enquête de police permettra d'interpeller votre agresseur.
Anne Hidalgo (@Anne_Hidalgo) 14 octobre 2018
Je vous adresse tout mon soutien dans cette terrible épreuve. La justice doit agir. L'homophobie est un fléau contre lequel il faut continuer à se mobiliser. Tout acte ou expression qui stigmatise les personnes #LGBTIQ la renforce.
Bastien Lachaud (@LachaudB) 15 octobre 2018
No dia 8 de setembro, um casal de lésbicas foi agredido e uma investigação de “violência voluntária cometidas por razão de orientação sexual” foi aberta no comissariado do 20° distrito de Paris. Já no dia 6, dois homens também foram espancados, no 19°. Em 18 de setembro, um homem sofreu agressão após abraçar o namorado em frente a um teatro.
O número de atos homofóbicos na França cresceu nos últimos dois anos. O relatório da associação SOS Homofobia revelou em 2018 um aumento de 4,8% em 2017 de denúncias de agressões – 1.650 no total – em relação a 2016, que havia registrado, por sua vez, 19,5% de casos a mais que o anterior, com 1.575 testemunhos.
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