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A corrupção acabou com a prosperidade no Brasil, diz Les Echos

O jornal Les Echos traz nessa quarta-feira (18) uma reportagem sobre o cenário eleitoral e a paralisia econômica do Brasil. O texto começa lembrando que no dia 6 de setembro, os brasileiros assistiram com espanto à tentativa de assassinato do presidenciável Jair Bolsonaro, esfaqueado durante ato de campanha. Gravemente ferido, ele segue hospitalizado.

Ruas do Rio de Janeiro tomadas por manifestantes contra a corrupção. Em 26 de março de 2017.
Ruas do Rio de Janeiro tomadas por manifestantes contra a corrupção. Em 26 de março de 2017. REUTERS/Ricardo Moraes
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Poucos dias antes, o Museu Nacional do Rio de Janeiro fora totalmente destruído por um incêndio. O jornal lembra que o prédio bicentenário abrigava tesouros como o fóssil humano mais antigo das Américas, Luzia. E que enquanto o fogo se espalhava, os bombeiros descobriram que os hidrantes estavam secos.

O correspondente do diário francês em São Paulo, Thierry Ogier, explica que se os dois eventos aparentemente não têm relação entre si, eles revelam a face do desânimo e da revolta que se abatem sobre os cidadãos brasileiros, a menos de um mês das eleições presidenciais do dia 7 de outubro. Um pleito cujo resultado permanece imprevisível, enquanto a economia sofre em pleno marasmo.

Segundo Les Echos, enquanto 22% dos eleitores se dizem ainda indecisos, os demais manifestam preferência ou por um ex-militar provocativo, no topo das pesquisas antes de sofrer o atentado, ou por um ex- presidente preso por corrupção. A candidatura de Lula, contudo, foi invalidada pela justiça eleitoral, como lembra o texto.

Les Echos pergunta se a corrupção desvendada nos últimos anos e o atentado contra o candidato em campanha vão proporcionar o crescimento da extrema-direita numa das maiores democracias do mundo.

O jornal lembra que a radicalização política e a virulência das mensagens trocadas pelas redes sociais colocam em jogo a tradicional imagem do Brasil como um país cordial.

Segundo Les Echos, a radicalização também traduz a incapacidade dos sucessivos governantes de restaurarem a autoestima de 150 milhões de eleitores, que se sentem traídos por tantos casos de corrupção e pela incapacidade do governo de reencontrar o caminho para o crescimento econômico.

O diário econômico lembra que em 2015 o Brasil caiu numa das maiores recessões de todos os tempos, de onde saiu de forma dolorosa no ano passado.

Esse foi também o período dos escândalos de corrupção na Petrobras, quando bilhões de reais foram desviados da companhia petroleira, num conluio entre o partido então no poder (o de Lula, como ressalta o jornal) e grandes grupos de construção civil.

Desestabilizado, o país agora está imerso numa grave crise política. Manifestações sem precedentes antecederam o impeachment da presidente Dilma Rousseff e, mais recentemente, após a prisão de Lula, relembra o texto.

A reportagem afirma que o país virou a página de 13 anos de governo de esquerda, mas está longe de diminuir o problema da corrupção endêmica. A maioria dos partidos está sob investigação. E mesmo o presidente atual, Michel Temer, autor de reformas pró-mercado, também é alvo de investigação, ressalta o jornal.

Um verdadeiro apocalipse político, que favorece forças retrógradas, enquanto torna-se difícil elevar a confiança na economia e o entusiasmo de eleitores preocupados com o desemprego, a queda do poder de compra e a violência.

O jornal termina dizendo que, seja qual for o resultado das eleições, o próximo presidente terá como prioridade proporcionar ao Brasil um choque de confiança.

  

 

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