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Recorde europeu: 60% das crianças nascidas na França são de pais que não se casaram

O Instituto Nacional de Estatísticas e Estudos Econômicos (Insee, em francês) publicou nesta semana um estudo que mostra que seis a cada dez crianças nasceram fora do casamento na França em 2017, um recorde europeu. No total, 59,5% dos nascimentos não seguiram a lógica matrimonial clássica imposta pela igreja católica.

França bate recorde europeu de crianças nascidas de pais que não se casaram
França bate recorde europeu de crianças nascidas de pais que não se casaram Getty Images / kontrast-fotodesign
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O número de nascimentos antes de um casamento se multiplicou por dez desde os anos 1960 – em 1965, eles eram apenas 5,9%. Já em 2007, essa taxa subiu para 50,7%. Os dados apontam que a frequência é maior nos departamentos e regiões ultra-marítimas (83,6%), no oeste (72,3%) e no centro (75,9%) da França. Já em Paris, apenas 47% dos pais não estavam casados na hora do nascimento.

Esse é o caso de apenas alguns países da União Europeia, como Portugal (52,8%), Espanha (45,9%), Reino Unido (47,7%), Bélgica (49%), ou Alemanha (35%). No extremo oposto estão a Grécia, com apenas 9,4% de casais que não se casaram antes de terem um filho, seguida por Croácia (18,9%), Chipre (19,1%) e Polônia (25%).

A evolução dos costumes foi acompanhada pela legislação francesa, que, desde 2016, não estabelece em seu Código Civil a distinção entre crianças “legítimas” (pais casados) e “naturais” ou “ilegítimas”. Antes dos anos 1980, os casais também não esperavam o casamento para ter uma criança, mas era frequente a “regularização da situação” ao propor um matrimônio durante a gravidez.

Uns casam menos, outros casam mais

No caminho inverso, os casais homossexuais na França têm tendência a se casarem para poder adotar. É que, através do matrimônio, eles passam a ter uma “proteção jurídica” e mais legitimidade diante do Estado. Após um pico em 2014 (10.399 uniões civis de mesmo sexo), o número se estabilizou em torno dos 7.000 nos anos seguintes, representando 3% do total de casamentos na França.

Uma parcela da sociedade francesa, que não aprova as profundas mudanças de comportamento no país, pede um retorno dos hábitos tradicionais. Isto é: que somente os casais heterossexuais tenham acesso à troca de alianças e também que ela ocorra antes da concepção dos filhos.

Criada durante o debate da adoção da lei que permitia o matrimônio aos casais homossexuais, o movimento Manif pour tous (“Manifestação para todos”, em oposição a “Casamento para todos”) mobiliza os franceses mais conservadores e também é contra o aborto, prática legal na França.

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