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Financiamento/Terrorismo

Entenda como o grupo Estado Islâmico financia suas atividades

Ministros, representantes ​​e especialistas de 72 países e 18 organizações internacionais se reúnem durante dois dias a partir desta quarta-feira (25) na sede da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em Paris. O objetivo é destrinchar os métodos de financiamento do grupo Estado Islâmico (EI) e da Al Qaeda. O evento será encerrado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, na quinta-feira (25).

Casas de câmbio são a ferramenta preferida do EI para lavar e transferir seu dinheiro, pagar salários no Iraque e converter a moeda iraquiana em dólares.
Casas de câmbio são a ferramenta preferida do EI para lavar e transferir seu dinheiro, pagar salários no Iraque e converter a moeda iraquiana em dólares.
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A conferência “No money for terror” ("Sem dinheiro para o terrorismo", em português) visa mobilizar politicamente os envolvidos, listar boas práticas e retirar obstáculos à cooperação internacional na luta contra grupos terroristas. Todos os estados árabes, exceto a Síria, além dos cinco continentes, estão representados por cerca de 80 ministros e mais de 450 especialistas, incluindo juízes e membros do serviço secreto, além de líderes da ONU, do FMI, da Liga Árabe, da União Africana, e outras organizações.

Contra o grupo Estado Islâmico (EI), a Al Qaeda e outros grupos ativos, especialmente no Oriente Médio e na África, "a luta está longe de terminar após o fim da guerra na Síria", diz um comunicado do Palácio do Eliseu sobre a série de debates na sede da OCDE, em Paris. As derrotas no país não determinam o fim do EI e seu "tesouro de guerra é enorme". A organização teria conseguido levantar US$ 1 bilhão em 2014, outro US$ 1 bilhão em 2015, e um pouco menos em 2016.

Tesouro de guerra

"Esse tesouro de guerra provavelmente está em algum lugar, ele não desapareceu, provavelmente circulou e pode financiar o ressurgimento do Estado Islâmico”, acrescenta o texto do comunicado. Para dissimular seus recursos, esses grupos se adaptam, investem rapidamente e exploram técnicas e tecnologias como cartões pré-pagos, cartões de crédito ou crowdfunding, destacam especialistas. As dificuldades de rastreamento impostas por moedas virtuais também serão examinadas.

Especialistas e autoridades francesas e alguns de seus aliados desejam avançar na retirada do anonimato dessas transações e na regulação desses instrumentos. O Irã não participa da conferência, uma vez que os organizadores querem evitar o conflito entre Teerã e outros países árabes, o que poderia inviabilizar o trabalho. A conferência dará origem à publicação de uma declaração conjunta.

No rastro do dinheiro do EI no Iraque: “follow the money”

A edição desta quarta-feira do jornal francês Le Monde traz uma reportagem assinada pelo enviado especial a Bagdá sobre a “difícil tarefa de rastrear o dinheiro do EI no Iraque”. Segundo o vespertino, “uma complexa rede de empresas-laranja e de casas de câmbio garantem a sobrevivência da organização jihadista no país”.

Le Monde cita a prisão de um iraquiano, detido pela polícia local com documentos falsos, que acabou por confessar ser um dos responsáveis pela coleta de fundos do EI em uma região do país. “Atividades anormais, detectadas em zonas agrícolas, demonstraram uma mecânica complexa que permitia alimentar o caixa do grupo terrorista em milhões de dólares”, revelou o vespertino.

“Mais de 400 fazendas de piscicultura – legais e ilegais -, entre as cerca de duas mil que alimentam Bagdá e sua periferia com carpas, foram identificadas como ligadas ao EI e desmanteladas em 2015 e 2016”, conta o jornal, “um negócio lucrativo quando se conhece a preferência dos iraquianos pelo masgouf, a carpa grelhada”, completa.

Segundo Hicham Al-Hachemi, expert iraquiano dos movimentos jihadistas, entrevistado por Le Monde, “foi uma ideia de gênio”. “Algumas fazendas eram diretamente financiadas pelo dinheiro do EI. Havia até camponeses xiitas que trabalhavam para o grupo Estado Islâmico sem saber. O EI financiavam sua criação de peixes contra uma porcentagem nas vendas”, afirma.

A reportagem conta ainda que as casas de câmbio são a ferramenta preferida do EI para lavar e transferir seu dinheiro, pagar salários no Iraque e converter a moeda iraquiana em dólares. “Em 1,6 mil casas de câmbio registradas em Bagdá, várias dezenas poderiam estar ligadas ao grupo jihadista”, diz Le Monde.

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