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Espionagem/França

Justiça investiga Ikea por espionagem de funcionários na França

A famosa rede sueca de móveis foi intimada pela Justiça francesa a depor sobre “um sistema massivo de espionagem” de funcionários e de candidatos a postos de trabalho em suas lojas. Além da empresa, o Ministério Público considerou que existem “acusações suficientemente graves” contra 15 pessoas físicas, incluindo dois ex-presidentes da Ikea na França.

A rede Ikea conta com 33 lojas e 10 mil funcionários na França.
A rede Ikea conta com 33 lojas e 10 mil funcionários na França. REUTERS/Olivier Pon/Files
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O jornal Le Monde teve acesso ao documento de mais de cem páginas divulgado pela Justiça da França e publicou nesta quarta-feira (14) uma matéria sobre o caso de espionagem de pessoal dentro das filiais da rede Ikea no país. Segundo o jornal Le Figaro, até clientes da famosa rede sueca fabricante de móveis estavam na mira de um complexo sistema de verificação de fichas criminais de pessoas físicas.

As investigações apontam para a acusação de cinco ex-policiais e de dois ex-presidentes da marca, Jean-Louis Baillot, que dirigiu a empresa entre 1996 e 2009, e seu sucessor, Stefan Vanoverbeke, que ficou no cargo até 2015. O primeiro é acusado de ter exigido “controles sistemáticos” da ficha dos funcionários, para garantir que não tivessem problemas com a Justiça, e o segundo deixou que a situação perdurasse, mesmo estando consciente dos procedimentos de espionagem. Ambos os ex-presidentes haviam declarado anteriormente ao jornal que não sabiam do dispositivo.

Relatórios sobre a vida pessoal de funcionários

Segundo Le Monde, o sistema de espionagem tomou uma dimensão “industrial” no meio da década de 2000, sob a direção de Jean-Louis Baillot. Quando foi inaugurada a loja de Francoville, nos arredores de Paris, “alguns dos indivíduos recrutados se gabavam de terem antecedentes criminais”, declarou um antigo gerente da marca. “Na sequência destes fatos, Baillot determinou pesquisas sistemáticas sobre a vida pessoal de funcionários na ocasião de abertura de novos pontos de venda, para evitar de contratar pessoas com antecedentes judiciais”, disse.

O caso tomou proporções maiores quando a loja Ikea de Francoville decidiu investigar o passado de um delegado sindical, chegando a consultar o “STIC”, o índex da polícia francesa que lista vítimas e autores das infrações. Um juiz deverá decidir se acata as recomendações do Ministério Público ou não, segundo Le Monde.

Le Figaro relata que dois grandes sindicatos franceses acusam igualmente a direção da Ikea de ter contratado atores cuja única missão seria espionar os colegas e escrever relatórios para a direção. “O nome da empresa de detetives privados CSG, implicada em outro caso de espionagem de funcionários dentro de asilos de idosos, consta também no processo da Ikea”, relata o diário francês. Um desses relatórios, consultado pela agência AFP, contém informações sobre a vida pessoal de alguns funcionários e suas amizades dentro da empresa, além de instruções de como desfazer alianças entre empregados da loja.

A rede Ikea conta com 33 lojas e 10 mil funcionários na França.

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