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Gastronomia/França

Chef francês recusa pela primeira vez prêmio do Guia Michelin

Honraria máxima para os restaurantes franceses, as estrelas do Guia Michelin separam os estabelecimentos dos grandes chefs do resto dos mortais. Entrar neste Olimpo pode ser uma tarefa inglória, e significa uma rotina de estresse e trabalho que exige dedicação total. Pela primeira vez na história desta premiação, um chef estrelado, Sébastien Bras, pede para que seu restaurante, o Le Suquet, seja retirado da lista, por causa da “imensa pressão” associada às 3 estrelas do Michelin. Os nomes dos escolhidos da safra 2018 foram divulgados nesta segunda-feira (5).

O chef francês Sébastien Bras, que comanda o restaurante Le Suquet.
O chef francês Sébastien Bras, que comanda o restaurante Le Suquet. Reprodução Facebook
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"Nos parecia complicado incluir no Guia Michelin um restaurante que claramente indicou que não desejava figurar na publicação, que não queria fazer parte da grande família de estrelas do Michelin", explicou Claire Dorland-Clauzel, integrante do comitê executivo do grupo. Esta é a primeira vez que acontece um caso do tipo na França.

"Sébastien Bras informou que foi uma decisão familiar, refletida de forma cuidadosa. Ele mesmo disse que estava entrando em uma nova etapa de sua vida. Nós respeitamos esta decisão", declarou um representante do guia. Em setembro, Bras, cujo restaurante na cidade francesa de Laguiole (sudoeste) integra o clube seleto dos 27 estabelecimentos com três estrelas na França, anunciou que não queria aparecer na edição 2018 "por meio de uma decisão tomada em família".

Na ocasião, o guia respondeu que uma retirada não poderia ser automática, argumentando que o Michelin tem "independência" no momento de atribuir as estrelas. "Retirar Le Suquet da lista não foi uma decisão fácil, levamos tempo para refletir", admitiu Claire Dorland-Clauzel, que não acredita que outros chefs sigam os passos de Bras. "Temos mais pessoas que desejam entrar no guia que o contrário. Muitos chefs afirmaram que ser incluído na lista é um reconhecimento, uma honra, um impulso enorme para o estabelecimento, para a notoriedade, para seu volume de negócios", afirmou.

Placa com as três estrelas da edição 2018 do famoso Guia Michelin. Paris, 5 de fevereiro de 2018.
Placa com as três estrelas da edição 2018 do famoso Guia Michelin. Paris, 5 de fevereiro de 2018. REUTERS/Gonzalo Fuentes

Agonia de perfeição

"Talvez eu tenha menos notoriedade, mas assumo", disse em setembro Sébastien Bras, que herdou o restaurante de seu pai. O chef, que prometeu que o cliente não notará a diferença no restaurante, afirmou que sair do famoso guia significa liberdade. "Vou me sentir livre, sem perguntar se minhas criações agradam ou não os inspetores do Michelin", completou. O chef disse que as visitas dos inspetores são uma fonte de estresse.

"Somos inspecionados de duas a três vezes por ano. Não sabemos quando. Cada prato que sai pode ser inspecionado. Ou seja, a cada dia um de nossos 500 pratos pode ser julgado", explicou Bras. Em sua reflexão, o chef admitiu que como todos os profissionais da gastronomia ele recorda do suicídio em 2003 do chef três estrelas Bernard Loiseau. "Mas não me sinto desta maneira", garantiu.

Antes de Bras, vários chefs franceses renunciaram a suas três estrelas, como Alain Senderens, que em 2005 anunciou que não aguentava mais a agonia da perfeição, e Joël Robuchon, que em 1996, quando estava no auge, fechou as portas de seu estabelecimento alegando estresse. Atualmente, no entanto, Robuchon é o chef com mais estrelas do mundo.

Na Espanha, Ferran Adrià fechou seu restaurante três estrelas El Bulli em 2010, alegando que estava cansado de trabalhar 15 horas por dia e tinha necessidade de buscar outras fontes de inspiração.

Dois novos restaurantes 3 estrelas no Guia Michelin

Os restaurantes La Maison des Bois, de Marc Veyrat ,nos Alpes, e o L'Hôtel du Castellet, de Christophe Bacquié, ganharam a terceira estrela na edição de 2018 do Guia Michelin França, segundo anúncio feito nesta segunda-feira (5). O famoso guia vermelho apresentou oficialmente sua seleção em uma coletiva de imprensa às 15h30 de Paris (13h30 de Brasília).

O chef Marc Veyrat, de 67 anos, é conhecido por seu chapéu preto e sua cozinha com ervas silvestres. É a terceira vez que a "bíblia" da gastronomia lhe concede três estrelas, enquanto é a primeira para Christophe Bacquié. Nascido em 1972, Bacquié oferece uma cozinha mediterrânea no L'Hôtel du Castellet, um estabelecimento perto de Marselha (no sudeste da França) com duas estrelas desde 2010.

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