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França/Macron

“Pedi que Trump não rasgue o acordo nuclear com o Irã”, disse Macron

O presidente Emmanuel Macron concedeu neste domingo (15) sua primeira entrevista para a televisão francesa. Cinco meses após ter sido eleito, o chefe de Estado falou sobre economia, segurança, política internacional e assédio sexual, além de responder às críticas que recebeu sobre a linguagem usada para falar com a população.

O presidente Emmanuel Macron durante sua primeira entrevista para a televisão francesa.
O presidente Emmanuel Macron durante sua primeira entrevista para a televisão francesa. REUTERS/Philippe Wojazer
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Durante pouco mais de uma hora Macron respondeu, ao vivo e no palácio do Eliseu, sede da presidência, às questões de três jornalistas. A primeira parte da entrevista se concentrou nas críticas que o chefe de Estado recebeu por suas declarações polêmicas, como quando disse que alguns franceses seriam preguiçosos ou que a França sofria de uma inveja que a impedia de evoluir.
“Não quis humilhar ninguém”, rebateu Macron. “Nossas elites políticas se acostumaram a adotar um discurso asséptico. Mas eu vou continuar a dizer as coisas e, de vez em quando, me irritar. Assumo o que foi dito, mas não insultei ninguém. Considero todos os meus compatriotas”, completou.

O presidente também foi questionado sobre aspectos de seu programa econômico, como a diminuição de ajudas públicas para os mais precários e o aumento dos impostos de parte dos aposentados, além do fim o ISF, uma taxa sobre as fortunas. A oposição alegou que Macron estaria se comportando como um presidente para os mais abastados.

“Não gosto da oposição entre pobres e ricos. E também não acredito na inveja francesa que consiste em dizer que devemos aplicar impostos nos ricos para as coisas irem melhor”, retrucou. “As pessoas bem-sucedidas foram embora, o que mostra que isso não funciona”, completou, em alusão aos bilionários que deixaram o país para evitar os ISF.

Macron também falou sobre o desemprego, atualmente na casa dos 9,5%, e que o presidente prometeu baixar para 7% durante sua campanha. Porém, ao ser questionado sobre o tema, preferiu não dar uma data precisa para alcançar esse objetivo. “A plenitude dos resultados das reformas será vista daqui um ano e meio ou dois anos.”

Estados Unidos são aliados

O tema da segurança foi deixado para o final da entrevista. Ao ser questionado sobre o ataque de duas jovens na estação de trens de Marselha, no sul do país, por um homem clandestino, que já havia sido condenado, Macron disse que no início de 2018 uma nova lei sobre asilo e imigração vai ser discutida “para endurecer as regras”. “Os delinquentes em situação irregular serão expulsos”, explicou, porém, “o ‘risco zero’ não existe”, ponderou.

A política internacional teve pouco espaço na entrevista. Os jornalistas se concentram nas relações de Macron com Donald Trump, principalmente após o presidente dos Estados Unidos ter contestar, na semana passada, o acordo nuclear iraniano. “Os EUA são nossos aliados e cada um tem sua personalidade”, disse o francês, lembrando que Washington é um “parceiro essencial em termos de segurança e luta contra o terrorismo”.

Porém, Macron afirma ter falado com o chefe da Casa Branca sobre as tensões com Teerã : “disse para Trump que esse não é um bom método e pedi que não rasgue o acordo com o Irã. Nossa segurança depende do que acontece naquela região”.

Weinstein e barriga de aluguel

Os jornalistas também questionaram o presidente sobre a questão do assédio sexual, em um momento em que vários casos de abuso foram revelados em Hollywood. Macron disse as mulheres devem sair do silêncio. Ele também defendeu o projeto lançado por seu governo para a criação de uma lei contra o assédio nas ruas. Além disso, o presidente avisou que pediu que a Legião de Honra dada ao produtor de cinema Harvey Weinstein seja retirada.

Macron também foi questionado sobre o acesso à inseminação artificial por casais de lésbicas. O presidente disse que é favorável, mas insistiu que é contra a barriga de aluguel. “Respeito muito a questão da filiação e por essa razão sou contra a GPA (sigla em francês para a prática). Não quero que alguém carregue durante nove meses na barriga um bebê para outras pessoas”.

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