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França/Unesco

Ex-ministra da Cultura da França Audrey Azoulay vai dirigir Unesco

A ex-ministra francesa da Cultura Audrey Azoulay foi eleita nesta sexta-feira (13) diretora-geral da Unesco, à frente do catariano Hamad Al Kawari, segundo resultados oficiais.

Audrey Azoulay vai chefiar a Unesco.
Audrey Azoulay vai chefiar a Unesco. AFP
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Azoulay, de 49 anos, obteve 30 votos, enquanto seu adversário ficou com 28, no âmbito do conselho executivo, formado por 58 membros. A eleição deve ser validada na conferência-geral de Estados-membros, em 10 de novembro.

A Unesco empreendeu uma fase decisiva com a eleição nesta sexta-feira, um dia depois de Estados Unidos e Israel anunciarem sua saída da organização, acusando-a de ser anti-israelense.

Azoulay havia sido escolhida pelos países-membros do Conselho Executivo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para disputar o último turno da eleição, em uma votação intermediária.

Com 31 votos contra 25 (dois em branco) ela se impôs sobre a egípcia Moushira Khattab, e foi eleita para enfrentar Hamad bin Abdoulaziz Al Kawari nesta sexta-feira em Paris.

A eleição, complexa e muito política para nomear Azoulay como sucessora da búlgara Irina Bokova à frente da Unesco evidencia as tensões no interior da organização. Azoulay declarou à imprensa nesta que sua candidatura buscava "restaurar a eficácia e a credibilidade" da agência, que "atravessa uma crise política profunda".

Sem unanimidade

O candidato do Catar não tinha unanimidade entre os países árabes que neste ano romperam relações diplomáticas com Doha, apesar de terem reivindicado insistentemente o posto para sua região. O governo egípcio, que rompeu relações diplomáticas com o Catar, pediu votos para a candidata francesa.

O ministro egípcio das Relações Exteriores, presente em Paris, "incentiva todos os seus amigos a votarem na França", declarou à AFP antes da votação um membro campanha da candidatura egípcia.

Contudo, recentemente surgiram novas suspeitas de antissemitismo em torno de Al Kawari, repetidas pelo Centro Simon Wiesenthal da Europa e da Liga Anti-difamação (ADL) dos Estados Unidos. Ele é reprovado, particularmente, por seu suposto silêncio diante da presença de livros antissemitas durante as feiras do livro organizadas quando era ministro da Cultura.

Em pleno processo eleitoral na Unesco, Estados Unidos e Israel anunciaram na quinta-feira sua saída da organização. "Esta decisão não foi tomada em cima da hora e reflete a preocupação dos Estados Unidos com a dívida crescente à Unesco, com a necessidade de uma reforma fundamental na organização e com o contínuo viés contra Israel", afirmou o Departamento de Estado.

O mesmo Departamento afirmou que os Estados Unidos devem "aproximadamente US$ 550 milhões" de contribuições atrasadas à organização. "Queremos pagar esse dinheiro" a uma organização "anti-Israel?", questionou o porta-voz Heather Nauert.

Bokova rejeitou a acusação e disse "lamentar profundamente" a decisão americana. "Está em jogo a universalidade da organização", afirmou nesta sexta-feira em declarações à rádio France Info, ressaltando que "muitas instituições culturais dos Estados Unidos, ONGs" também expressaram sua "decepção".

A essas reprovações se somaram a França, onde se encontra a sede da Unesco, e o secretário-geral da ONU, António Guterres, que ressaltou "o destacado papel dos Estados Unidos na Unesco desde a sua fundação" em 1946. Moscou também lamentou a "triste notícia". A crise é alimentada há anos pelas controversas posições da Unesco sobre Jerusalém Hebron, defendidas pelos países árabes.

'Teatro do absurdo'

Poucas horas após o anúncio dos EUA, Israel comunicou sua retirada da organização da ONU, que teria se tornado um "teatro do absurdo, onde se deforma a história, em vez de preservá-la".

"Entramos em uma nova era das Nações Unidas: a que, quando se discriminar Israel, terá que assumir as consequências", afirmou o embaixador israelense na ONU, Danny Danon.

A crise estava crescendo há anos, alimentada pelas controversas posições da Unesco sobre Jerusalém e Hebron, defendidas pelos países árabes. Em 2011, a admissão da Palestina na Unesco acentuou a tensão, provocando a suspensão das contribuições financeiras de Israel e Estados Unidos, que representavam 20% de seu orçamento.

No início de julho, os Estados Unidos advertiram que estavam analisando seus vínculos com a Unesco, chamando de "uma afronta à história" a sua decisão de declarar a antiga cidade de Hebron, na Cisjordânia ocupada, uma "zona protegida" do patrimônio mundial.

Os judeus reivindicam 4 mil anos de presença em Hebron e atualmente 800 deles vivem nessa cidade sob proteção militar, com 200 mil palestinos.

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