Estilo "imperial" de Macron irrita a imprensa francesa
O discurso do presidente francês, Emmanual Macron, no Palácio de Versalhes, diante de deputados e senadores reunidos em Congresso, é a principal manchete da imprensa francesa. Macron apresenta as diretrizes de seu mandato, mas é sobretudo o estilo do exercício de poder do presidente e a maneira como ele tem se comportado no cargo que chamam a atenção da imprensa.
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Macron é acusado de copiar a fórmula do Discurso do Estado da Nação, uma tradição americana. O jornal Le Monde diz que a opção do presidente por um discurso solene, "encastelado em Versalhes", distante da população e sem falar à imprensa – momento em que poderia ser questionado sobre seus planos – é criticada por um grupo de 30 parlamentares que decidiram boicotar o Congresso e denunciar uma "deriva monárquica". Os ausentes pertencem à bancada da esquerda radical, liderada por Jean-Luc Mélenchon, da sigla França Insubmissa, alguns eleitos comunistas e do partido de centro-direita UDI.
"Autoritário", "monárquico", "imperial", "jupteriano" e "hierático" são alguns dos termos usados pela imprensa para denunciar o estilo centralizador do novo presidente francês.
O jornal Libération, de esquerda, diz que Macron se colocou em uma posição de "divindade" e está construindo passo a passo o mito de um "salvador da pátria" capaz de acabar com a crise, como já fizeram no passado Napoleão Bonaparte e o general Charles de Gaulle. O receio do Libération é que a operação seja apenas um golpe de comunicação e, na prática, Macron falhe na recuperação econômica do país.
Primeiro-ministro: um executor de ordens
O Le Figaro, de tendência conservadora, nota que Macron atropela o seu primeiro-ministro, Édouard Philippe, que também tem um discurso previsto amanhã. "Macron mostra, assim, que quem manda no governo é ele e o premiê terá o papel de um colaborador, executor de ordens", assinala o diário.
O jornal comunista L'Humanité diz que os trabalhadores que vivem com o salário mínimo terão de esperar para ver se Macron vai de fato reduzir algumas contribuições sociais, como promete. O problema, na avaliação desse diário, é que o presidente vende a medida como um ganho de poder aquisitivo no bolso dos trabalhadores sem valorizar os salários, atendendo aos interesses dos empresários.
Les Echos, o principal jornal econômico do país, informa em manchete que Macron já adiou a aplicação de algumas promessas de campanha, por dificuldades orçamentárias. Em seu editorial, o jornal de tendência liberal critica o boicote dos parlamentares à reunião do Congresso, afirmando que todos sabem que no sistema político francês é o presidente que detém a auteridade, não o chefe de governo ou o Parlamento.
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