Paris pede a Pequim para liberar Nobel da Paz para tratamento médico
Por "razões humanitárias", a França pediu nesta quinta-feira (29) à China para "liberar" o dissidente Liu Xiaobo, prêmio Nobel da Paz em 2010, vítima de um câncer avançado no fígado. Xiabo, que se encontra em liberdade condicional desde o fim de maio, deseja sair da China e receber tratamento no exterior, segundo amigos do escritor.
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A mulher do dissidente chinês, Liu Xia, enviou um pedido formal ao ministério chinês da Segurança de Estado para que o casal e o irmão dela recebam autorização para viajar ao exterior, revelou o escritor dissidente Liao Yiwu, um amigo da família. Ela teria enviado a solicitação antes de conhecer o diagnóstico da doença do marido, mas vários amigos confirmaram nesta quinta-feira que Xiaobo deseja ser tratado no exterior.
Após rumores de que o governo francês teria se oferecido para acolher o Nobel, o Ministério das Relações Exteriores francês divulgou uma nota em que pede a Pequim para que o dissidente "possa beneficiar do tratamento médico de sua escolha e no lugar que desejar, na companhia de familiares".
Condenado em 2009 a 11 anos de prisão por "subversão", Xiaobo, de 61 anos, saiu da prisão depois que teve diagnosticado em maio um câncer de fígado em fase terminal. Médicos teriam dito à família que seu estado de saúde é irreversível.
"Fiquei sabendo há duas semanas que ele disse claramente que se iria morrer (em consequência do câncer), desejava fazê-lo no Ocidente e não na China", declarou o amigo Liao Yiwu à agência AFP, em uma ligação telefônica da Alemanha, onde vive no exílio.
Outro amigo do casal confirmou, sob a condição de anonimato, ter recebido informações de outras pessoas próximas à família no mesmo sentido.
Xiaobo, que em 2010 se tornou o primeiro chinês a receber o Prêmio Nobel da Paz, está em um hospital de Shenyang (nordeste da China) desde 31 de maio. Oncologistas determinaram no dia 7 de junho que ele sofre de um câncer de fígado com metástase no restante do corpo, de acordo com uma nota oficial de autoridades locais.
Na segunda-feira, a jornalista chinesa Su Yutong, que vive no exílio, divulgou um vídeo no Twitter que mostra a mulher do Nobel afirmando, sem conter as lágrimas, que o marido "não pode ser operado nem receber quimioterapia".
O amigo Liao Yiwu disse que recebeu uma carta de Xia, na qual ela desabafa: "Estou farta [...] desta vida grotesca. Estou desejando escapar [...] Mal posso acreditar que Xiaobo aceitou sair da China comigo e (meu irmão)".
Com informações da AFP
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