Reformas do trabalho e da educação são primeiros desafios de governo Macron

Os principais jornais franceses que chegaram às bancas nesta segunda-feira (29) tratam das primeiras reformas a serem implementadas pelo governo do novo presidente francês, Emmanuel Macron, e das eleições legislativas que serão realizadas daqui a menos duas semanas.

Capa do jornal Aujourd'hui en France desta segunda-feira (29). Reprodução

"Reforma do trabalho: o que querem os franceses": essa é a manchete de capa do jornal Les Echos. O diário econômico revela os resultados de uma pesquisa de opinião encomendada ao Instituto Elabe, mostrando que 44% da população se mostra a favor de uma reforma do trabalho profunda, revoltados com a mudança imposta pelo governo Hollande. "Os esforços que o novo executivo deverá fazer para convencer os franceses se anunciam complicados", avalia Les Echos. Por isso, o novo governo aposta todas as suas fichas na comunicação para mostrar que não apenas as empresas serão beneficiadas pela reforma, reitera o diário.

"Mesmo em caso de vitória da República em Marcha nas eleições legislativas, o risco de uma forte oposição social é grande", avalia o presidente do Instituto Elabe, Bernard Sananès. Depois da polêmica reforma do trabalho instituída durante o governo Hollande, Macron conta, no entanto, com uma vantagem, de acordo com o especialista: "o forte apoio de sua equipe".

Reforma da educação

O jornal Aujourd'hui en France traz em sua capa outra questão quente para esse início de governo: a reforma da educação. Ela será liderada pelo ministro Jean-Michel Blanquer, que já enumera as várias mudanças que pretende realizar: reconstituição de classes bilingues, lançamento de um dispositivo de ajuda para os deveres nas escolas, limitação de 12 alunos por sala de aula no ensino básico - uma das principais promessas de Macron para o setor da Educação.

Para colocar todas essas medidas em prática, o ministro da Educação vai principalmente ter que conquistar o apoio dos professores e dos pais, outra tarefa difícil. "É falso acreditar que todas as crianças aprenderão mais rápido a ler só porque elas serão 12 em uma sala de aula", diz uma professora de uma escola de ensino básico da periferia de Paris. Já o presidente da Federação francesa dos Pais de Alunos, Bernard Pommier, em entrevista ao Aujourd'hui en France, lembra que "reformas milagrosas não existem", mas guarda seu otimismo com o novo governo.

De olho no novo presidente também está o jornal Le Figaro. "Eleições legislativas: Macron se prepara para o futuro", escreve o diário. Le Figaro lembra que, em menos de duas semanas, o chefe de Estado vai conhecer suas reais margens de manobras políticas para governar. Para isso, ele se concentra em um principal objetivo: obter a maioria de deputados na Assembleia francesa.

Ao que tudo aponta, escreve le Figaro, Macron está perto de cumprir a meta. Uma pesquisa de opinião do instituto Opinion Way da última sexta-feira aponta que o partido República em Marcha deve conquistar 28% do eleitorado na votação, cujo primeiro turno será realizado no dia 11 de junho. "Daqui até lá, o presidente se esforça para não cometer a mínima falha", ressalta o jornal Le Figaro.