Paris autoriza Festival com ateliês só para negras, mas fora de espaço da prefeitura
O programa do evento Nyansapo, previsto para acontecer entre os dias 28 a 30 de julho em Paris, propunha ateliês exclusivos para mulheres negras no espaço “La Générale”, situado no 11° distrito, que pertence à prefeitura parisiense.
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A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, anunciou que proibiria o Festival em sua conta no Twitter, neste domingo, deixando aos seus organizadores a opção de restringi-lo a “um espaço privado”. O partido Frente Nacional aproveitou a polêmica e reagiu, acusando o evento de ser “anti-branco”. A notícia foi destaque no jornal Le Parisien.
Je demande l'interdiction de ce festival. Je vais saisir le Préfet de Police en ce sens.
— Anne Hidalgo (@Anne_Hidalgo) 28 mai 2017
A confusão teve início porque o coletivo que organiza o festival, Mwasi, dedicado ao afro-feminismo militante, decidiu criar quatro espaços de discussão, um deles reservado apenas a mulheres negras. A ideia revoltou até mesmo associações que lutam contra o racismo. Neste domingo (28), a ONG francesa SOS Racismo condenou o que considerou uma “provocação” e um “evento discriminatório”. Para a organização Licra (Liga Internacional contra o Racismo e o Antissemitismo), o combate contra o racismo se tornou um álibi para um “isolamento identitário”.
Leis e valores da República
Em um comunicado divulgado neste domingo (28), o secretário de de Segurança Pública de Paris, Michel Delpuech, declarou não estar a par da organização do evento, mas que em todo caso “as leis, valores e princípios da República devem ser respeitados”.
A reportagem do jornal Le Parisien entrou em contato com o coletivo, que preferiu não dar entrevista, mas respondeu no Twitter que os ateliês acontecerão em um local alugado pela associação, e não em um local cedido pela prefeitura da capital francesa.
Nesta segunda-feira (29), a prefeita de Paris se disse satisfeita que "uma solução foi encontrada", mas o coletivo, que afirma não ter mudado a programaçao, pede "desculpas públicas."
Em agosto de 2016, um dos membros do coletivo já havia organizado em Reims, no leste do país, três dias de “reflexão sobre o anti-racismo”, que já havia gerado polêmica.
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