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França/Economia

Apesar da incerteza política, Macron se beneficia de conjuntura econômica favorável

O presidente francês eleito no domingo (7), Emmanuel Macron, se beneficiará de uma conjuntura econômica mais favorável e de um ambiente positivo para os negócios. Segundo especialistas, esse contexto poderá compensar as incertezas ligadas às eleições legislativas, que podem limitar sua margem de manobra.

Emmanuel Macron ainda terá que conquistar a maioria nas eleições legislativas.
Emmanuel Macron ainda terá que conquistar a maioria nas eleições legislativas. RFI/Pierre René-Worms
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Embora continue sofrendo dos mesmos males, a economia francesa se beneficiou de uma pequena recuperação nos últimos meses. O crescimento continua ascendente, a atividade do setor privado está em expansão, as perspectivas dos investidores são bastante positivas e o desemprego continua uma tendência geral à queda, apesar do aumento de março.

Com seu programa de supressão de empregos públicos, redução de gastos, corte de impostos para as empresas ou simplificação da legislação trabalhista, Macron é visto como um alívio para os defensores do liberalismo econômico e da integração europeia. O seu projeto de reforma do mercado de trabalho, aliás, é apresentado como crucial pelos analistas do banco americano Morgan Stanley.

"Macronomics"

As mudanças prometidas pelo novo presidente, que defende uma agenda favorável ao mercado, ao mesmo tempo "moderada, progressiva e pró-europeia", já ganharam até um apelido: as "Macronomics", fusão entre o nome de Macron e “economics”. Porém, se a expressão já foi adotada, seu verdadeiro teste de viabilidade só acontecerá após as eleições legislativas de 11 e 18 de junho, realizadas em um contexto político novo na França.

Os candidatos das duas grandes famílias que dominaram a vida política francesa há décadas, os socialistas e a direita tradicional, ficaram de fora das presidenciais e muitos dos seus dirigentes se uniram a Macron. O movimento do presidente eleito, "Em Marcha!", que acaba de ser batizado de “A República em marcha”, ainda não demonstrou sua capacidade de ganhar as legislativas.

Por sua vez, a Frente Nacional (FN) de Marine Le Pen, que por causa do sistema eleitoral não tem a base parlamentar que corresponderia ao número de seus eleitores, tentará transformar-se em um partido de oposição.

Legislativas cruciais

Nesse contexto de recomposição política, "o voto é crucial e determinará a capacidade do novo presidente para implementar seu programa", analisa Kit Nicholl, do escritório IHS Markit. "Para governar de forma eficaz, Macron precisa de uma maioria parlamentar [289 cadeiras ou mais na Assembleia Nacional], mas a probabilidade de que seu governo consiga, partindo de zero, é fraca", prevê.

Laurence Boone, responsável de Pesquisa e Estratégia de Investimentos na AXA Investment Managers, foi conselheira econômica do presidente François Hollande e de Macron, e acredita que o novo presidente tem chances de alcançar maioria. "Apesar do caráter inabitual dessa eleição presidencial, os franceses têm uma tendência histórica a favorecer o partido do presidente eleito", lembrou.

Em qualquer caso, "para os investidores estrangeiros, os três cenários [maioria absoluta, maioria relativa ou maioria para a direita tradicional] são relativamente positivos porque deveriam gerar reformas estruturais que reforcem o crescimento potencial" da economia francesa, segundo Boone.

Agências de de notação também esperam legislativas

As agências de notação financeira são prudentes, pois mesmo se vêem de forma positiva o programa econômico de Macron, também se questionam sobre as dificuldades para sua implementação diante das incertezas ligadas às eleições legislativas.

A Moody's parabenizou a vontade do novo presidente de relançar o crescimento e consolidar a dívida, mas teme uma nova "deriva política" caso governo e parlamento se oponham sobre as medidas a serem adotadas. Fitch Ratings também teme que Macron não obenha uma maioria absuluta nas legislativas, o que pode complicar a aplicação de seu programa de reformas.

Já Standard & Poor’s aconselha o próximo governo a acelerar as reformas, principalmente sobre a liberalização do mercado de trabalho.

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