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Começa em Paris o julgamento de Carlos “Chacal” por atentado em 1974

O julgamento do venezuelano Ilich Ramírez Sánchez, conhecido como Carlos, o “Chacal”, começou nesta segunda-feira (13) na capital francesa. Ele é acusado de ter executado um atentado com granada em Paris, em 1974, que deixou dois mortos e dezenas de feridos.

Francis Vuillemin, um dos advogados de Ilich Ramírez Sánchez, conhecido como Carlos, o "Chacal", acusado de quatro atentados mortais cometidos na França em 1982 e 1983, durante coletiva antes do julgamento.
Francis Vuillemin, um dos advogados de Ilich Ramírez Sánchez, conhecido como Carlos, o "Chacal", acusado de quatro atentados mortais cometidos na França em 1982 e 1983, durante coletiva antes do julgamento. REUTERS/Benoit Tessier
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Carlos, 67 anos, também conhecido como "Chacal", será julgado durante 15 dias por um tribunal penal especial destinado a "atos de terrorismo". Segundo a agência AFP, o réu entrou na sala de audiências sorridente e beijou a mão de sua advogada, Isabelle Coutant-Peyre, com quem se casou em cerimônia religiosa em 2011, antes de saudar aos jornalistas.

O famoso líder do terrorismo internacional dos anos 1970 e 1980 se apresentou aos juízes como um "revolucionário de profissão". Carlos, preso na França desde sua detenção no Sudão pela polícia francesa, em 1994, já foi condenado duas vezes à prisão perpétua pelo assassinato de três homens em 1975 em Paris, entre eles dois policiais, e por quatro atentados com explosivos que deixaram 11 mortos e 150 feridos em 1982 e 1983, em Paris, Marselha e em dois trens.

Ele voltou a sentar no banco dos réus nesta segunda-feira, desta vez por um atentado cometido em 15 de setembro de 1974: duas pessoas morreram e 34 ficaram feridas na explosão de uma granada lançada no interior da loja Drugstore Publicis, em pleno centro de Paris. Processado por "assassinato e tentativa de assassinato, dano a propriedade e transporte de material de guerra, em relação a um ato terrorista", Chacal agora enfrenta a possibilidade de uma nova condenação à prisão perpétua.

Em entrevista no final de 1979 para a revista Al-Watan Al-Arabi, Carlos reconheceu ter lançado a granada contra a loja situada na avenida Saint-Germain de Paris. Mas depois, o venezuelano, que cometeu vários atentados em nome da causa palestina, negou ter concedido a entrevista.

“Enfim, um julgamento!”

"Enfim, um julgamento! As vítimas esperam há tanto tempo que Carlos seja declarado culpado e condenado, suas feridas jamais fecharão", disse o advogado Georges Holleaux, que representa 18 das 30 partes civis do processo, entre elas as viúvas dos dois homens mortos no atentado.

"Qual o interesse em realizar esse julgamento tantos anos depois dos feitos? É algo extravagante", denunciou a advogada de Carlos, Isabelle Coutant-Peyre, que lembra que seu cliente nega os crimes pelos quais é julgado, em particular os "assassinatos com relação com uma empresa terrorista".

Para a acusação, o atentado de Paris está relacionado à tomada de reféns na embaixada da França em Haia. Um comando do Exército Vermelho Japonês (ERJ), braço da Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP) - da qual Carlos era membro das "operações especiais" - exigia a libertação de um de seus membros, detido no aeroporto parisiense de Orly dois meses antes.
O homem em questão carregava documentos sobre os planos de sequestro, com pedidos de resgates, de diretores de filiais de empresas japonesas estabelecidas na Europa para financiar o ERJ.

Principal responsável pela tomada dos reféns, Carlos teria tomado a iniciativa de lançar a granada em Paris para pressionar o governo francês, tendo conseguido a libertação do detido japonês, que se reuniu em Aden (Iêmen) com os demais membros do comando de Haia.

A acusação se baseia também nos testemunhos de antigos companheiros de estrada de Carlos, entre eles o ex-revolucionário alemão Hans-Joachim Klein, a quem o venezuelano teria confidenciado querer "pressionar para que se liberte o japonês".

Os investigadores reconstituíram o circuito da granada utilizada no atentado, que pertencia ao mesmo lote - roubado em 1972 em um acampamento militar americano - que os explosivos usados pelos sequestradores de Haia, descobertos em Paris na residência da amante do “Chacal”.

 

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