Acessar o conteúdo principal
França

Polícia francesa faz protesto raro para denunciar violência

O excepcional movimento de protesto da polícia francesa é um dos principais destaques da imprensa nesta quarta-feira (19). “Sinais de revolta na polícia” é a manchete de capa do Le Figaro. “A polícia francesa está farta” de ser alvo de repetidos ataques, aponta Les Echos. A questão da insegurança volta a dominar a campanha presidencial francesa.

Capa do jornal Le Figaro desta quarta-feira, 19/10/2016.
Capa do jornal Le Figaro desta quarta-feira, 19/10/2016.
Publicidade

Le Figaro informa que desrespeitando as normas e a hierarquia, centenas de policiais fizeram uma manifestação na noite de segunda (17) para terça-feira (18) em Paris, convocada pelas redes sociais. Eles se concentraram na avenida do Champs Elysées, uns à paisana, outros uniformizados, com seus carros de serviço, para denunciar a violência contra a categoria e a insuficiência de regras penais adequadas para punir os agressores.

O movimento espontâneo pegou os sindicatos e as autoridades de surpresa. Ele revela um mal-estar muito mais profundo do que se pensava na categoria. A manifestação foi convocada apesar das ameaças de sanções, após a agressão de quatro policiais no dia 8 de outubro.

Carros de polícia incendiados

Os agentes que vigiavam uma câmera de segurança, instalada em um subúrbio de Paris, tiveram seus carros atacados por pedras e coquetéis molotovs, lançados por homens encapuzados. Os carros pegaram fogo e dois policiais sofreram queimaduras graves. Os dois agentes continuam hospitalizados. No último final de semana, uma nova agressão em outro subúrbio, foi a gota que faltava para a revolta.

O diretor-geral da Polícia Nacional francesa, Jean-Marc Falcone, julgou o movimento “inaceitável, contrário às obrigações contratuais da profissão”, e pediu uma investigação interna para punir os revoltosos. Na noite de terça-feira, ele se encontrou com policiais de alta hierarquia, provocando uma nova manifestação. Dezenas de agentes se reuniram na porta do prédio para apoiar os colegas ameaçados de sanções, que podem levar até a demissão dos envolvidos.

Já a classe política francesa foi mais moderada ao julgar o movimento. Les Echos escreve que o primeiro-ministro socialista Manuel Valls evitou condenar os manifestantes, como a maioria da classe política. "O Estado vai perseguir sem descanso os agressores de professores e policiais", declarou o premiê no Twitter. A declaração de Valls se explica pelo fato de que, além dos ataques contra os policiais, vários diretores e professores de escolas públicas também foram alvo de violências nos últimos dias, exasperando a opinião pública.

Insegurança urbana vira tema de campanha

Em editorial, Le Figaro diz que a insegurança urbana sempre vira tema de campanha, a cada eleição presidencial na França. Isso acontece há 15 anos devido à total falência das políticas públicas, principalmente da esquerda, acusa o jornal conservador.

Agora, o governo não soube acalmar a irritação dos policiais e, pior, colocou lenha na fogueira ao chamar os agressores de selvagens e não de que delinquentes. Os policiais cansaram de ser alvos fáceis e de serem mortos, informa o editorial.

Desde 2001, a violência nos subúrbios franceses aumenta e o número de policiais feridos explode, atingindo 5.736 em 2015. Os milhares de euros gastos para renovar as periferias urbanas não impedem o tráfico de drogas, a má qualidade do sistema escolar e o crescimento do islamismo radical.

A direita também tem sua parte de responsabilidade nessa situação, pondera Le Figaro. Se os conservadores querem voltar ao poder e ganhar as eleições de 2017, superando a extrema-direita, eles devem aumentar o nível de exigência para restaurar urgentemente a autoridade perdida do Estado, aconselha o texto.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.