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França/Chirac

Chirac queria Brasil no Conselho de Segurança da ONU

O ex-presidente da França, Jacques Chirac, que morreu nesta quinta-feira (26) mantinha uma relação cordial com o Brasil, tendo visitado o país duas vezes. Ele se associou ao ex-presidente Lula a favor da ética no processo de globalização, e também apoiava a ideia de uma reforma na ONU e de uma cadeira permanente para o Brasil no Conselho de Segurança. 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente da França, Jacques Chirac, no Palácio do Planalto em 25 de maio de 2006
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente da França, Jacques Chirac, no Palácio do Planalto em 25 de maio de 2006 PATRICK KOVARIK / AFP
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Foi em setembro de 2004, na véspera da abertura da 60ª Assembleia Geral da ONU pelo então presidente George W.Bush, que os dirigentes da França, Jacques Chirac, e Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, se uniram para pleitear a necessidade de uma taxa mundial para combater a fome e a pobreza. Em pleno clima bélico, com o Iraque no auge do caos e a luta contra o terrorismo na pauta, Chirac e Lula tentaram convencer a comunidade internacional da necessidade da taxa. O argumento de Lula da Silva foi enfático: " A maior arma de destruição em massa é a miséria".

Chirac e Lula unidos no combate à pobreza

Um apelo em nome da solidariedade entre ricos e pobres poderia parecer "sonhador" no contexto tenso da Assembleia Geral da ONU, mas os dois líderes insistiram na luta contra um movimento "selvagem" e na promoção de uma ética social para a globalização.

Jacques Chirac fez um discurso sem ambiguidades: "Uma globalização que aceite frutos para uma minoria não tem futuro", argumentou, acrescentando que o desequilíbrio sócioambiental esmagaria os mais fracos e negaria os Direitos Humanos. " Cabe a nós recusar esses desvios", disse o presidente francês, que também acompanhou Lula a uma reunião na Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre a dimensão social da globalização.

Chirac via em Lula um aliado para o multilateralismo. E se os Estados Unidos rejeitaram a ideia da taxa, os dois líderes receberam o apoio de 110 países. O imposto de uma taxa solidária nas passagens de avião, apelidado de "Taxa Chirac", a fim de apoiar a luta contra pandemias como tuberculose, malária e Aids, acabou sendo adotado por mais de dez países.

O líder francês sempre militou também por uma reforma do Conselho de Segurança da ONU que abrisse uma cadeira para um país emergente, o Brasil. A ideia foi repetida durante a sua visita a Brasília, em 2006, mas os Estados Unidos  protelaram a reforma que até hoje não aconteceu.

Chirac foi duas vezes ao Brasil

O presidente francês visitou o Brasil duas vezes. A primeira foi em 1999, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, e a segunda, em 2006, no mandato de Lula da Silva. Dois anos depois do seu encontro na ONU, a visita foi uma oportunidade para ambos discutirem novas alternativas na luta contra a pobreza.

Mas, apesar da simpatia entre os dois chefes de Estado, Chirac nunca cedeu na sua política protecionista agrícola. Mesmo compreendendo a posição do Brasil, ele manteve as portas trancadas, recusando um debate sobre o fim dos subsídios agrícolas.

Ano do Brasil na França, Ano da França no Brasil

Durante o segundo mandato de Chirac, começou o megaevento que solidificou a relação bilateral em diversas áreas: o Ano do Brasil na França, em 2005, aumentou o interesse dos turistas franceses em conhecer o país e acarretou a exportação de produtos brasileiros para a França da ordem de US$ 450 milhões.

Quatro anos depois, já sob a presidência de seu sucessor, Nicolas Sarkozy, foi a vez do ano da França no Brasil.

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