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França

França se mobiliza para semana de protestos contra reforma trabalhista

A França recomeça nesta terça-feira (17) uma nova rodada de greves e paralisações contra a reforma do trabalho. Na semana passada, o governo votou pela possibilidade de adotar o projeto de lei sem o aval do Parlamento e acirrou ainda mais os ânimos no país.

Sindicatos franceses convocaram greve para terça-feira (17) e quinta-feira (19).
Sindicatos franceses convocaram greve para terça-feira (17) e quinta-feira (19). REUTERS/Charles Platiau
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Sete grandes sindicatos franceses convocaram duas greves gerais: uma para amanhã e outra para a quinta-feira (19), a sexta e a sétima, respectivamente, desde o fim de março. O setor dos transportes é o que deve contar com mais adesões. A Sociedade Nacional dos Caminhos de Ferro (SNCF) e a Rede Autônoma de Transportes de Paris (RATP) já anunciaram que participarão da paralisação. Nos aeroportos, controladores aéreos, funcionários da administração e técnicos também deverão aderir ao movimento.

Em Paris, uma marcha está prevista para acontecer a partir das 14h (horário local) nesta terça-feira, na região do Senado francês. O desfile deve sair da região da Escola Militar em direção à Sèvres-Babylone, no 7° distrito da capital. Além de Paris, as principais cidades francesas também realizarão manifestações.

Na mira dos militantes, está o controverso projeto de lei que pretende rever a lei trabalhista na França. A reforma visa, segundo o governo, dar mais flexibilidade às empresas para lutar contra o alto desemprego no país. No entanto, o texto confere maiores poderes às empresas para demissão e organização do tempo de trabalho. Especialistas argumentam que ela aumentará a precariedade trabalhista.

Na última terça-feira (10), uma sessão extraordinária do Conselho de Ministros autorizou o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, à recorrer ao artigo 49-3 da Constituição francesa. A medida permite que um projeto de lei seja adotado “à força”, sem o voto do Parlamento. A decisão enfureceu a opinião pública francesa e mobilizou ainda mais o movimento grevista para esta semana.

Militantes são proibidos de participar das manifestações

Desde sábado (14), alguns opositores à reforma vêm sendo proibidos pela Secretaria de Segurança Pública de Paris de participarem das manifestações, marcadas pela violência de confrontos entre militantes e policiais. De acordo com o órgão, as pessoas notificadas têm relação com os atos de violência. Autoridades francesas dizem que o estado de emergência, decretado depois dos atentados de 13 de novembro em Paris, justifica a decisão.

Todos os manifestantes proibidos de protestar foram identificados pelo serviço de inteligência de Paris. Nenhum deles foi preso durante as mobilizações na capital francesa, mas a Secretaria de Segurança Pública estima que a presença deles na marcha desta terça-feira pode afetar o caráter pacífico do ato. Entre os que foram notificados da proibição está um fotógrafo que cobre a mobilização para uma revista francesa. Os militantes dizem que não cumprirão a ordem.

Maioria dos franceses apoia o movimento contra a reforma trabalhista

De acordo com uma recente pesquisa da BVA, realizada para a emissora i-Tele, 54% dos franceses apoiam a mobilização contra o projeto de lei. Entre esses, 67% são simpatizantes da esquerda e 33% da direita.

O movimento, entretanto, vem perdendo força. A maior adesão foi registrada na primeira manifestação, no dia 31 de março, quando 1,2 milhão de pessoas ocuparam as ruas das principais cidades francesas, segundo os organizadores (390 mil segundo a polícia). O último protesto, no dia 12 de maio, mobilizou 500 mil pessoas, segundo os sindicatos (170 mil, de acordo com o Ministério do Interior).

Em entrevista à rádio francesa RTL nesta terça-feira, Jean-Claude Mailly, secretário-geral do sindicato Force Ouvrière, disse que está otimista para os protestos desta terça-feira (17). “Penso que, efetivamente, temos não somente uma capacidade para mobilizar como também de tocar o governo”, declarou.

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