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Indústria naval

Venda de submarinos à Austrália é "contrato do século", dizem jornais

O principal assunto dos jornais franceses desta quarta-feira (27) é a venda de 12 submarinos para a Marinha da Austrália, anunciada na véspera. A negociação, chamada pela imprensa de "contrato do século", é considerada histórica, não só pelo valor - € 34 bilhões -, mas também pela quantidade de empregos que deve gerar em uma França em busca de trabalho.

Presidente François Hollande posa com uma miniatura do submarino negociado junto ao governo australiano.
Presidente François Hollande posa com uma miniatura do submarino negociado junto ao governo australiano. REUTERS/Christophe Petit-Tesson/Pool
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A estimativa feita pelo próprio presidente da DCNS, a empresa que vai fabricar os submarinos, é de que a empreitada deve gerar cerca de 4 mil empregos, a maioria na cidade de Cherburgo, na Normandia, onde eles deverão ser produzidos. O jornal Aujourd'hui en France foi até a cidade e retratou a euforia da população com essa possibilidade de um investimento inédito. Os famosos estaleiros de Cherburgo fabricaram 107 submarinos nos últimos 100 anos.

Mas o próprio Aujourd'hui en France alerta que não é possível estourar a champanhe antes da hora, ou pelo menos enquanto o contrato não estiver assinado. Até agora, tudo o que se tem é uma declaração do primeiro-ministro australiano dizendo que, na concorrência aberta pelo país, a proposta francesa foi melhor que as da Alemanha e Japão.

O jornal recorda a anunciada venda dos caças Rafale para a Índia, que foi celebrada, mas jamais concretizada. Podemos recordar também a intenção do Brasil em comprar os mesmos caças Rafale, o que também nunca acabou acontecendo. Outro “senão” apontado pelo Aujourd'hui en France: todo o sistema de combate dos submarinos, que representa 30% do seu valor, não é francês, mas norte-americano.

DCNS, herdeira dos arsenais reais

Já o jornal Le Figaro, que faz oposição ao governo de François Hollande, hoje se rende ao trabalho de negociação do presidente para obter o contrato e ressalta que a intervenção do poder executivo junto ao governo australiano foi decisivo. A DCNS é uma empresa privada cujo principal acionista é o próprio governo francês.

O trabalho em conjunto das autoridades, destaca o Figaro, permitiu aos franceses baterem dois concorrentes de peso na licitação: a alemã Thyssen-Krupp Marine Systems (TKMS) e o consórcio japonês Mistubishi Havey Industries, que também tinha apoio de Tóquio. Já o jornal econômico Les Echos aproveita a ocasião para relembrar a história da DCNS, herdeira dos arsenais da monarquia francesa, criados pelo Cardeal Richelieu, em 1631.

Críticas do Libération

O diário de esquerda Libération é o único mais crítico em relação à venda dos submarinos. Em uma capa irônica, onde se vê François Hollande cercado de seus ministros durante o anúncio do negócio, a manchete diz "Os garotos da Marinha".

No subtítulo, o Libération afirma: "a venda de 12 submarinos alegrou o poder executivo", e também questiona: "seria um paradoxo para um governo de esquerda?". De fato, parece que o governo socialista francês jamais será tão de esquerda quanto querem seus apoiadores.
 

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