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Crise dos migrantes

França quer receber 30 mil refugiados, mas só 300 foram acolhidos até agora

Ao lado da chanceler alemã Angela Merkel, o presidente francês, François Hollande, disse nesta sexta-feira (4) que respeitará "o conjunto de seus engajamentos" com a Europa, em particular o de acolher " 30 mil refugiados sírios e iraquianos". No entanto, no momento em que é extremamente criticado pelo gerenciamento da crise no acampamento de Calais, o governo francês reconhece ter recebido apenas 300 migrantes.

Migrantes muçulmanos do acampamento de Calais, no norte da França, se reúnem para oração nesta sexta-feira (4).
Migrantes muçulmanos do acampamento de Calais, no norte da França, se reúnem para oração nesta sexta-feira (4). Yves Herman/Reuters
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A três dias de uma cúpula europeia com a Turquia sobre a crise dos refugiados, Hollande e Merkel expressaram nesta sexta-feira (4), em Paris, sua união diante do problema. A dupla tenta colocar um fim às divisões entre os países europeus sobre a questão e pressioná-los a agir de forma mais eficaz, em um momento em que milhares de migrantes vivem em condições extremamente precárias em Calais, no norte da França.

Na segunda-feira (29), o governo francês iniciou o desmantelamento da parte sul da chamada "Selva de Calais", no qual as forças de ordem protagonizaram violentos episódios com os moradores. Em todo o acampamento, vivem entre 4 mil e 7 mil migrantes, entre eles 300 menores de idade. Pouco mais de 40 pessoas aceitaram ser realojadas em centros de acolhimento franceses. Nenhuma autoridade sabe responder sobre o destino das centenas de pessoas que tiveram seus barracos destruídos.

Hollande e Merkel trabalham juntos "com a mesma vontade"

"A França e a Alemanha trabalham dentro de um mesmo espírito, com a mesma vontade", declarou Hollande. O encontro do presidente francês com a líder alemã foi o primeiro depois que o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, criticou, em meados de fevereiro, durante uma viagem à Alemanha, a política de acolhida dos refugiados defendida por Berlim.

Apesar das declarações de esforços mútuos e das críticas de Valls, Berlim está muito à frente de Paris em matéria de imigração. Em 2015, a Alemanha recebeu 441,8 mil solicitações de asilo. Já Hollande havia prometido receber 30 mil refugiados, mas, até o momento, apenas 300 pessoas foram legalmente acolhidas no país.

O presidente francês também indicou que um navio francês será enviado ao litoral da Turquia para ajudar a controlar os fluxos migratórios no Mar Egeu, principal setor de passagem de milhares de migrantes que chegam à Europa. A decisão foi elogiada pela líder alemã.

"Estamos convictos de que soluções unilaterais não nos ajudarão. Vemos que nenhuma delas leva a uma redução do número de refugiados", disse Merkel, reiterando seu desejo de que seja elaborada uma solução europeia comum centrada na proteção das fronteiras externas da UE e no apoio à Grécia.

Turquia deve cumprir compromissos e Grécia precisa de mais apoio

Hollande e Merkel também avaliaram que a Turquia deve respeitar seus compromissos, diante do montante de € 3 bilhões repassados ao país para que melhorasse o acolhimento dos refugiados. Os dois líderes sublinharam a necessidade que Ancara controle o acesso dos migrantes a seu território e reforce o controle de suas fronteiras.

Durante a coletiva de imprensa hoje, Hollande também fez um apelo para que os países europeus apoiem a Grécia. O país é a principal porta de entrada dos migrantes na União Europeia e vem declarando que sua capacidade de acolhimento se esgotou. Enquanto milhares de pessoas seguem bloqueadas na fronteira grega com a Macedônia, Atenas também observa o mar Egeu virar um cemitério de migrantes, onde dezenas morrem tentando fazer o trajeto marítimo a partir da Turquia a cada semana.

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