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França/ imigração

França inicia demolição parcial de acampamento de refugiados em Calais

As autoridades francesas começaram nesta segunda-feira (29) o desmantelamento da parte sul do acampamento de migrantes de Calais, que se tornou a maior favela da França. Um forte aparato policial acompanha a operação, que deve durar semanas.

Operação em Calais começou nesta segunda-feira e deve durar semanas, segundo o governo francês.
Operação em Calais começou nesta segunda-feira e deve durar semanas, segundo o governo francês. REUTERS/Pascal Rossignol
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Duas escavadeiras e funcionários de uma empresa privada contratada pelo Estado francês derrubaram 20 barracos e tendas vazias. Enquanto isso, imigrantes se dirigiam ao local para recuperar objetos pessoais e se instalarem nas proximidades, em abrigos organizados pelo governo francês.

Mais de 30 veículos da polícia e dois caminhões das unidades da tropa de choque da polícia estavam na entrada oeste do acampamento. Os policiais tinham, oficialmente, a missão de garantir a segurança das equipes encarregadas de propor soluções de abrigo aos imigrantes. No final do dia, 5 mil metros quadrados do acampamento haviam sido demolidos.

Durante a operação, três militantes e um migrante foram detidos, por tentar bloquear a operação. Os momentos mais tensos ocorreram à tarde. Após um princípio de incêndio em uma barraca, imigrantes e cerca de 150 militantes do movimento antiglobalização No Borders lançaram objetos contra os policiais, que responderam utilizando bombas de gás lacrimogêneo, constatou a agência AFP.

Na chamada "selva" de Calais, vivem entre 3,7 mil e 7 mil pessoas, segundo o governo ou as associações humanitárias que defendem os estrangeiros. As instalações que devem ser demolidas abrigam entre 1 mil migrantes, de acordo com a polícia, e até 3.450, na contagem de ONGs.

Decisão judicial abriu polêmica

Na quinta-feira passada, a Justiça validou a ordem de expulsão dos migrantes. Um grupo de pelo menos 250 estrangeiros e dez associações havia pedido a anulação da decisão, mas o recurso foi negado.

No texto, a juíza Valérie Quemener considerou que a insegurança, a insalubridade e a violência justificam a medida. A maioria dos estrangeiros recusa a transferência para outros abrigos por não querer se afastar do Canal da Mancha, por onde eles sonham seguir viagem e chegar até a Inglaterra, destino final dos migrantes de Calais. Em geral, essa travessia é feita ilegalmente.

Associações decepcionadas

As organizações de defesa dos migrantes, por outro lado, alegam que os alojamentos propostos pelo governo são insuficientes e não oferecem uma estrutura adequada. A intervenção desta segunda-feira surpreendeu as entidades. "Não estávamos cientes desta operação e não pensávamos que isso seria feito com tantos policiais", declarou à AFP a militante Maya Konforti. "É muito triste ver o desperdício do trabalho que fizemos durante semanas. Essas pessoas querem ir para a Grã-Bretanha, não partirão daqui e estarão em uma situação ainda mais precária, sobretudo em pleno inverno", disse.

A prefeitura da região indicou que as operações de "proposta de abrigos, de assistência social e de desmantelamento das casas desocupadas durarão várias semanas". A maioria dos migrantes veio da Síria, do Afeganistão e do Sudão. O desmantelamento parcial do acampamento de Calais levou a vizinha Bélgica a restabelecer os controles fronteiriços para evitar que migrantes se instalem em seu território.

Com informações AFP e Reuters

 

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