"O perigo da extrema-direita não está descartado", diz premiê francês
Após os primeiros resultados das eleições regionais francesas, com a derrota total do partido Frente Nacional, o primeiro-ministro Manuel Valls se pronunciou dizendo que "o perigo da extrema-direita não está descartado, longe disso". Ele saudou um "resultado muito digno", mas assegurou que "não traz nenhum alívio, nenhum triunfalismo".
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A líder da FN, Marine Le Pen, denunciou em um discurso agressivo o que considera "um regime agonizante". "Nada poderá nos parar", afirmou. O líder da oposição de direita, Nicolas Sarkozy, contestado dentro de sua própria formação, considerou que esses resultados não devem, "sob nenhum pretexto, fazer esquecer as advertências" do primeiro turno.
Segundo o cientista político Jean-Yves Camus, o resultado do segundo turno, última votação antes da eleição presidencial de 2017, "tende a confirmar que há um impasse para a Frente Nacional: é um partido com excelentes resultados no primeiro turno, mas não consegue ir mais além". Para 2017, os institutos de pesquisa apontam Marine Le Pen qualificado para o segundo turno, após chegar em primeiro.
As treze regiões francesas administram um orçamento total de 29 bilhões de euros por ano e são as únicas instâncias a poder ajudar diretamente as empresas. Também têm competências nas áreas de educação e transporte.
Mobilização crucial
No primeiro turno, a FN conseguiu uma pontuação recorde de quase 28% e primeiro lugar em seis das 13 regiões e esperava conquistar várias regiões com um discurso anti-europeu e anti-imigração.
O partido tem aproveitado há cinco anos a rejeição a partidos tradicionais, impotentes contra a crise econômica, e mais recentemente o medo provocado pelos atentados de 13 de novembro em Paris.
Cerca de 45 milhões de eleitores foram chamados às urnas. No primeiro turno, um em cada dois deixou de votar. O Partido Socialista francês, que governa o país, e a oposição de direita se mobilizaram para impedir a vitória da FN, o que reforçaria a posição de sua líder, Marine Le Pen, para as eleições presidenciais.
Esta semana, o primeiro-ministro socialista, Manuel Valls, advertiu para a ameaça de uma "guerra civil" se a FN chegasse o poder, enquanto Marine Le Pen prometeu "destruir a vida do governo" em casa de vitória no norte.
A Frente Nacional administra uma dezena de municípios na França, mas nunca governou uma região. Desde 2011, Marine lidera o movimento, trabalhando para dar uma "imagem diferente" deste partido, livrando-se pelo menos parcialmente de ativistas antissemitas, homofóbicos ou nostálgicos da colaboração francesa com a Alemanha nazista.
Essa reformulação resultou em um afastamento e posterior expulsão de seu pai, Jean-Marie Le Pen, após novas declarações polêmicas sobre a Segunda Guerra Mundial.
A 16 meses do primeiro turno da eleição presidencial, para a qual Marine Le Pen está na frente nas intenções de voto, essas eleições regionais têm um significado importante, principalmente para a direita, que teve resultados decepcionantes no primeiro turno.
Dessa forma, a votação pode atrapalhar as ambições do ex-presidente Nicolas Sarkozy (2007-2012), confrontado a dois rivais ferozes, os ex-primeiros-ministros Alain Juppé e François Fillon.
Sua estratégia, que consiste em disputar com a extrema-direita seus temas preferidos (segurança, imigração, identidade nacional), não freou a evasão de uma parte do eleitorado conservador para a FN e divide sua formação.
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