Presidente francês rebate críticas feitas pela ex-companheira em livro
Em entrevista à revista francesa Nouvel Observateur, que chega às bancas nesta quinta-feira (11), o presidente francês, François Hollande, reagiu às críticas feitas pela sua ex-companheira, Valérie Trierweiler no livro "Merci pour ce moment" (Obrigada por este momento). A obra conta os bastidores de sua relação com o presidente e já é uma das mais vendidas na França.
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Em um dos trechos mais polêmicos do livro, Valérie Trierweiler conta que Hollande despreza os pobres e os chama de “sem-dentes”, uma revelação que comprometeu ainda mais a popularidade do chefe de Estado francês, a mais baixa da história recente da França. "É uma mentira que me magoou muito, um ataque a tudo o que fiz até hoje, já que dediquei minha vida a ajudar os outros."
Até agora, o presidente tinha evitado dar declarações sobre o livro. “Esta afirmação sobre os pobres e mais humildes me atingiu profundamente, porque é um ataque à minha própria vida. Durante toda minha vida pública, só pensei em ajudar e representar aqueles que sofrem. Nunca estive do lado dos poderosos, mesmo que eu não seja inimigo deles. Mas sei de onde vim”, disse Hollande.
Ele lembrou de suas origens humildes: seu avô materno, alfaiate, vivia com sua família em um apartamento de um quarto em Paris. O avô paterno era professor, originário de uma família pobre do norte da França. “Como eu poderia desprezar o meio de onde vim, minhas raízes, minha razão de viver?”, lembrou o chefe de Estado.
Pobres são prioridade, diz presidente francês
O presidente francês insistiu que os pobres são sua prioridade. “Eu encontrei pessoas que enfrentam as piores dificuldades, sem condições de cuidar dos dentes. Este é um dos piores símbolos da miséria. E essas pessoas eu ajudei e apoei”, disse o socialista à revista Nouvel Observateur.
Hollande admitiu que não vive um momento “agradável”, mas que “não vai chorar diantes dos franceses, que esperam por resultados". O presidente lembrou que seus problemas pessoais não interessam à população. Ao mesmo tempo, ele diz ter direito “ de não querer que alguém minta ou desrespeite dor social”.
O presidente já havia feito um comentário sobre o livro de sua ex-companheira durante a cúpula da Otan em Newport, na Grã-Bretanha, dizendo que “não aceitaria que o compromisso de sua vida fosse questionado”.
Mais de 145 mil exemplares vendidos
“Merci pour ce moment” é um sucesso editorial. Desde seu lançamento, no dia 4 de setembro, já foram vendidos mais de 145 mil exemplares. A maioria dos franceses criticou a publicação da obra, de acordo com duas pesquisas dos institutos CSA e Harris Interactive, publicadas nesta quarta-feira.
Para 56% dos entrevistados, ela não deveria ter escrito o livro. Uma outra sondagem do CSA mostrou que 67% são contrários à decisão da ex-primeira-dama.
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