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França/Polêmica

Manifestação contra casamento gay no domingo acontece em clima de tensão

Aumenta a tensão na França a apenas dois dias de uma grande manifestação em Paris contra a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. O ministro do Interior, Manuel Valls, alertou contra possíveis provocações da extrema-direita, que parece decidida a se fazer ouvir.

A mobilização contra o casamento gay não acabou com a entrada em vigor da lei aprovada em abril; Paris será palco de mais uma manifestação no domingo, 26 de maio de 2013.
A mobilização contra o casamento gay não acabou com a entrada em vigor da lei aprovada em abril; Paris será palco de mais uma manifestação no domingo, 26 de maio de 2013. REUTERS/Gonzalo Fuentes
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A lei que legaliza o casamento e a adoção por casais do mesmo sexo foi definitivamente adotada no final de abril pelo Parlamento francês e promulgada no último sábado, apesar da forte mobilização da oposição de direita e dos meios católicos.

Na sexta-feira, o ministro do Interior exprimiu sua "preocupação" com a provável presença de grupos extremistas de direita, "não para manifestar, mas para provocar confrontos e desordem e para atacar os símbolos da República".

Ele também disse que está "estudando" a possibilidade de dissolver o grupo "Primavera Francesa", que reúne os opositores mais radicais ao casamento gay.

O movimento, que deve fazer um protesto na noite desta sexta-feira diante da organização maçônica do Grande Oriente em Paris, publicou na terça-feira em seu site um comunicado virulento convocando "uma nova resistência" diante de uma lei que iria "contra as leis da biologia e contra todo o senso comum".

"A batalha está apenas começando. Ela vai continuar até a vitória", acrescenta o texto de "Primavera Francesa", criada como reação à linha considerada moderada demais de certos opositores ao casamento homossexual, sobretudo a midiática porta-voz do coletivo "La Manif pour Tous", Frigide Barjot.

Ela mesma, que disse ter recebido "ameaças muito graves", anunciou nesta sexta-feira que não planeja participar da manifestação no domingo, apesar das medidas de proteção prometidas pelas autoridades.

Porta-voz da "Primavera Francesa", Béatrice Bourges se disse escandalizada com as afirmações de Manuel Valls e se pergunta "o que o ministro do Interior quer proibir já que Primavera Francesa é mais um espírito que qualquer outra coisa. O movimento nem tem um estatuto". Ela acrescenta que qualquer medida contra o movimento "só vai reforçá-lo porque prova que estamos realmente entrando numa ditadura".

Radicais

Segundo fontes da polícia francesa, as autoridades esperam pouco menos de 150 mil manifestantes. Os "ultras" de direita são estimados entre 400 e 500. Desde a grande manifestação nacional do dia 24 de março, pontuada por incidentes perto da avenida des Champs-Elysées, militantes de extrema-direita têm aparecido nos eventos contra o casamento gay.

Muito ativo, sobretudo em Lyon, o grupo de extrema-direita das Juventudes Nacionalistas convoca a participar da passeata de domingo para dizer "não" a um "sistema que é preciso derrubar".

Um de seus líderes, Alexandre Gabriac, foi expulso da Frente Nacional, o partido de extrema-direita de Marine Le Pen, após a divulgação de uma foto em que aparecia fazendo a saudação nazista.

Os integristas do Civitas também vão organizar no domingo sua própria passeata contra "os inimigos do casamento, da família, da França".

A direita, que se mobilizou contra a lei durante meses, se encontra atualmente dividida em relação à atitude a adotar caso volte ao poder em 2017, após o mandato de François Hollande. Alguns dos líderes acreditam que é ilusório acreditar que poderão voltar atrás e abrogar a lei.

O primeiro casamento de um casal homosseuxal deve ser celebrado na próxima quarta-feira em Montpellier, cidade socialista do sul da França.

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