Ministros da França devem divulgar patrimônio para mostrar transparência

O governo francês divulga nesta segunda-feira o patrimônio de todos os ministros, uma decisão polêmica adotada pelo presidente François Hollande, bastante fragilizado devido ao escândalo Cahuzac. Após a revelação de que o ex-ministro do Orçamento tinha conta na Suíça para fraudar o Fisco francês, o governo decidiu iniciar uma operação de moralização da vida pública e dar mais transparência aos cargos políticos.

Ministros franceses publicaram declarações de bens publicamente REUTERS/Bertrand Langlois/Pool

No total, serão divulgados bens e ativos de 38 ministros, incluindo os do primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault.
As primeiras revelações do patrimônio despertam curiosidade, ceticismo, deboche e principalmente a oposição dos parlamentares que futuramente também deverão revelar suas posses.

Apesar da enxurrada de críticas, o premiê Jean-Marc Ayrault diz que o governo vai até o fim com essa decisão porque é preciso transparência total da função pública.

Até o momento, apenas a ministra da Saúde e dos Assuntos Sociais, Marisol Touraine, diz que paga o Imposto sobre Fortuna, aplicado aos milionário do país. A ministra da Habitação, Cecile Douflot, diz que tem um carro de 13 anos e algumas joias e o ministro da Indústria, Arnaud de Montebourg, já declarou que tem um sofá antigo de marca de luxo. A declaração mais aguardada é do chanceler Laurent Fabius, conhecido pela paixão por obras de arte e antiguidades.

A maioria dos políticos que já revelou publicamente seus bens antes mesmo da imposição do governo, afirma ter um patrimônio modesto. A declaração de posses não poderá ser confirmada e nem será alvo de sanções, se forem falsas. Mas a decisão virou polêmica. Expor o patrimônio de maneira pública é considerado um tabu na França.

Sociólogos dizem que os franceses se sentem mais à vontade para falar de sexo do que do dinheiro que ganham e do patrimônio que têm.