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Paris 2024: provas aquáticas no Sena geram preocupação, mas organização diz que não "há plano B”

Faltando menos de cinco meses para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, a qualidade da água do rio Senna, onde serão realizadas provas aquáticas, causa preocupação. Mas o Comitê Organizador insiste que não “existe plano B” e propõe apenas, em caso de contaminação, que as provas sejam adiadas. A descontaminação do Sena é um projeto antigo do Estado francês e da prefeitura de Paris e mais de €1 bilhão já foram investidos em projetos para permitir que os parisienses nadem em suas águas.

Atletas mergulham e nadam no rio Sena a partir da ponte Alexandre III, na primeira etapa do evento-teste de triátlon feminino para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, em Paris, em 17 de agosto de 2023.
Atletas mergulham e nadam no rio Sena a partir da ponte Alexandre III, na primeira etapa do evento-teste de triátlon feminino para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, em Paris, em 17 de agosto de 2023. AP - Michel Euler
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A última pessoa a questionar a qualidade da água do rio foi a nadadora brasileira, campeã olímpica de maratona aquática, Ana Marcela Cunha, que afirmou que “o Sena não é feito para nadar” e pediu aos organizadores de Paris 2024 que pensassem em um “plano B”.

A resposta do Comitê Organizador de Paris 2024 não demorou: a única alternativa em caso de poluição do Sena seria o adiamento das provas, afirmou em entrevista coletiva na quarta-feira (13) o chefe do Comitê de Administração da região parisiense, Marc Guillaume. Segundo ele, “não existe plano B”.

“O Cojo (Comitê de Organização dos Jogos Olímpicos) sempre diz que não existe plano B quanto ao local destas provas”, afirmou Marc Guillaume.

Em agosto de 2023, uma prova da maratona aquática, que serviria como um teste para a Olimpíada, teve que ser cancelada devido à baixa qualidade da água do rio. Os organizadores responsabilizaram as fortes chuvas que haviam caído nos dias anteriores pelo alto grau de contaminação.

“Estamos trabalhando para que as provas aconteçam no Sena”, disse Marc Guillaume. “Se os testes realizados na água mostrarem que temos problemas, vamos adiar as provas (...) por alguns dias”. A previsão é de “um ou dois dias”, de atraso, afirmou.

“Conseguiremos fazer testes 20 ou 22 horas, ao invés de 24 horas, antes das provas. Este é o prazo para recolher as mostras e analisar a qualidade da água”, precisou. “Com relação ao ano passado, vamos dobrar as amostras e os laboratórios de análises para garantir resultados confiáveis”, afirmou.

Previstas para a parte do rio que fica entre a ponte Alexandre III e a Torre Eiffel, as provas de triatlon (30 e 31 de julho e 5 de agosto) e de maratona aquática (8 e 9 de agosto), continuam pendentes das chuvas que podem degradar as águas do Sena.

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Limpar o Sena é sonho antigo

Limpar o Sena e fazer que suas águas sejam próprias para banho, é um projeto antigo do Estado francês e da prefeitura de Paris. Os Jogos Olímpicos se apresentam como a oportunidade ideal.

Mais de € 1,4 bilhão em obras destinadas a este fim foram investidos. Ainda assim, apenas alguns perímetros pré-definidos e seguros seriam abertos aos banhistas que queiram se aventurar nas águas do rio que atravessa a capital, após os JO.

Uma das obras é a construção de um tanque de quase 50.000 m³, o equivalente a 20 piscinas olímpicas, para estocar águas residuais e evitar que terminem no rio.

Apesar dos esforços, as análises realizadas de 2015 a 2023, transmitidas à AFP pela prefeitura de Paris, mostram grandes variações no verão passado, com vários picos de concentração de bactérias indicadoras de contaminação fecal.

Nenhum dos 14 pontos de onde é retirada a água para testes em Paris atingiu um nível de qualidade satisfatório em relação às regras europeias, em 2023, globalmente de junho a setembro.  

Encorajamentos ao mergulho

Os próprios parisienses estão incrédulos sobre a possibilidade de nadar no Sena. Para acalmar os ânimos e motivar o público a dar um mergulho, várias personalidades políticas franceses prometeram nadar no rio.

A primeira foi a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, que afirmou “nós nadaremos no Sena”. Ela confirmou sua intenção em entrevista à Reuters, na quarta-feira (13), e convidou o presidente francês Emmanuel Macron.  

A data de 23 de junho, quando será organizado um Dia Olímpico, é prevista para o primeiro mergulho. “Estou preparando este momento que será histórico. Eu não estarei só”, garante.

O ex-canoísta medalhista olímpico francês e atual presidente do Comitê de organização de Paris 2024, Tony Estanguet, poderia acompanhá-la, além dos bombeiros de Paris, militares e “parisienses e esportistas”, de acordo com a prefeita.

Macron, por sua vez, garantiu durante uma visita à Vila Olímpica, que nadaria no rio antes dos JO. “Sim, eu irei. Mas não vou falar a data, vocês poderiam estar lá”, brincou com os jornalistas.

(Com agências)

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