Acessar o conteúdo principal

Quem é Jordan Bardella, jovem candidato adepto do TikTok que Le Pen quer emplacar nas eleições europeias

Seus apoiadores elogiam sua "carreira inspiradora" e seu "papo reto": Jordan Bardella, que lançou ao lado de Marine Le Pen sua campanha para as eleições europeias em Marselha neste domingo (3), se estabeleceu como a jovem carta na manga do principal partido de extrema direita da França, o Reunião Nacional (RN), com apenas 28 anos de idade, graças especialmente à sua estratégia na rede social TikTok, onde reina absoluto.

Marine Le Pen e Jordan Bardella no primeiro grande comício do partido de extrema direita Reunião Nacional em Marselha (sul), em 3 de março de 2024, para lançar a candidatura de Bardella para as eleições europeias.
Marine Le Pen e Jordan Bardella no primeiro grande comício do partido de extrema direita Reunião Nacional em Marselha (sul), em 3 de março de 2024, para lançar a candidatura de Bardella para as eleições europeias. AFP - CHRISTOPHE SIMON
Publicidade

No mês passado, Eléa e Louison, de 17 anos, não conseguiram entrar no lançamento do movimento "Les Jeunes avec Bardella" ("Jovens com Bardella", em português) em uma casa noturna nos bairros mais badalados de Paris, onde menores de idade não são permitidos.

Dessa vez, os dois estudantes do ensino médio de Fresnes (na região do Val-de-Marne, sul de Paris) compraram ingressos para o encontro em Marselha (sul da França) "sem pensar duas vezes". "Jordan Bardella apresenta uma nova imagem da antiga Frente Nacional", diz a primeira adolescente, em referência ao obsoleto e já vetusto partido criado por Jean-Marie Le pen, pai de Marine, na década de 1970.

Jordan Bardella venceu as eleições europeias de 2019 com 23,34% dos votos e, em seguida, assumiu metodicamente o controle do cenário político e da mídia, impulsionado por seu talento como debatedor e sua grande habilidade e fluidez nas redes sociais, especialmente no TikTok.

"E ele tem um histórico inspirador: vem de um ambiente desfavorecido, sabe o que é estar em uma situação precária, não fala como a burguesia", completa seu amigo sobre esse filho de um pequeno empresário que cresceu em Seine-Saint-Denis. Com cartazes "Juntos com Bardella" nas mãos, os jovens militam pelo candidato "com quem podemos nos identificar", especialmente "porque ele também é filho de um imigrante, ele italiano, eu portuguesa", observa Eléa.

Votar em Bardella pode, mas sem mostrar na escola

Eles concordam que mostrar seu apoio ao partido fundado por Jean-Marie Le Pen "não é possível na escola". Mas "fora do liceu, no meu bairro", Louison afirma que "as classes trabalhadoras estão prontas para votar no Bardella".

No entanto, nos corredores do Palais de l'Europe, em Marselha, Tim Bouzon, chefe do Rassemblement national de la jeunesse (Reunião Nacional dos Jovens, o RNJ) na região de Rhône, estava mais interessado nas classes mais altas: "Podemos ver que as classes média e alta estão votando mais em nós, e isso graças à Jordan [Bardella]", disse ele, entusiasmado, com o apoio da pesquisa Ifop do dia, amplamente divulgada pelos seguidores de Le Pen nas redes sociais.

Jordan Bardella tem 28 anos e desde os 16  é militante do partido de extrema direita fundado por Jean-Marie Le Pen. Protegido de Marine Le Pen, que decidiu deixar a liderança do partido Reunião Nacional para se concentrar no Parlamento Europeu, ele promete uma "transição pacífica", mas não falta quem receie na França o regresso de uma linhagem da ultradireita obcecada com a identidade nacional francesa. 

A presidente do grupo parlamentar do partido de extrema-direita RN na Assembleia Nacional Francesa, Marine Le Pen (esq.), fala com o presidente do RN, Jordan Bardella, depois que ele apresentou seus votos de Ano Novo em Paris, em 10 de janeiro de 2023.
A presidente do grupo parlamentar do partido de extrema-direita RN na Assembleia Nacional Francesa, Marine Le Pen (esq.), fala com o presidente do RN, Jordan Bardella, depois que ele apresentou seus votos de Ano Novo em Paris, em 10 de janeiro de 2023. AFP - EMMANUEL DUNAND

Ascensão fulgurante entre os Le Pen

Pela primeira vez, um líder eleito do RN não assina Le Pen. Ainda assim, os laços que unem Jordan Bardella à família que fundou o partido francês da extrema direita não são apenas políticos: o novo líder cresceu admirando Marine Le Pen e namora uma sobrinha da ex-candidata presidencial a quem sucede agora à frente do partido. Há cerca de dois anos e meio, Bardella tem uma relação com Nolwenn Olivier, filha da irmã mais velha de Marine, Marie-Caroline Le Pen, e do eurodeputado do RN Philippe Olivier - que é também conselheiro especial da cunhada.

Mas, bem além dos laços familiares, Jordan Bardella protagonizou uma ascensão fulgurante no seio do partido fundado por Jean-Marie Le Pen, em 1972. Aos 16 anos, Bardella ingressou nas fileiras do partido e rapidamente se tornou secretário na comuna de Seine-Saint-Denis, na região de Paris, onde nasceu e cresceu.  Em 2015 ele se tornou conselheiro regional e, dois anos depois, virou porta-voz do RN, graças ao dom para a oratória que lhe é reconhecido. Em 2018, ele se tornou diretor da juventude do partido, tendo sido eleito eurodeputado em 2019 - quando foi o grande destaque do Reunião Nacional

Em 2021, Marine Le Pen entregou-lhe a presidência interina do partido para se dedicar à campanha para as eleições presidenciais, que perdeu novamente para Emmanuel Macron. Depois de Le Pen assumir que queria se concentrar nas atividades parlamentares e nos 89 deputados que o partido de extrema direita conseguiu nas últimas legislativas, Bardella não precisou fazer grande esforço para vencer o seu único rival à liderança do RN: teve 85% dos votos contra os 15% de Louis Aliot, de 53 anos e antigo companheiro da própria Marine Le Pen. Pronto: a nova liderança havia sido formada.

É de Bardella, aliás, uma das recentes pérolas que levam a assinatura do Reunião Nacional: "A França não deve ser o hotel do mundo", declarou, numa crítica à política migratória da França.

Ataques miram diretamente Macron

Neste domingo (3), Jordan Bardella denunciou o "apagamento da França" na Europa e apontou como responsável o "grande apagador" Emmanuel Macron, em um grande comício em Marselha, diante de 5.000 pessoas, lançando assim sua campanha para as eleições europeias, que visa capitalizar o bom momento que tem nas pesquisas de opinião.

Nos arredores do estádio Velodrome, o líder da lista do RN foi aplaudido de pé ao som de "Macron renuncie", "Marine presidente" e "Estamos na nossa casa", tendo a rara honra, dentro do rígido protocolo francês, de falar por último, um privilégio até então reservado a Marine Le Pen.

"O que nossos líderes e a União Europeia provocaram, de mãos dadas, é o grande apagamento da França, que se reflete no recuo da França em sua própria casa, em seu próprio solo, mas também na Europa e em todo o mundo", disse ele. Em particular, ela denunciou o "cinismo" e as "posturas bélicas" de um presidente Macron "sob cerco", contra o qual a RN proporá uma "transição nacional e popular ponderada e resoluta".

(Com AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.