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Em protesto na França, Greta Thunberg acusa projeto de construção de rodovia de "loucura"

A ativista ambiental sueca Greta Thunberg chegou à França neste sábado (10) para participar de um protesto de opositores ao contestado projeto de construção da rodovia A69, prevista para ligar as cidades de Toulouse e Castres, no sul do país. Ao lado de ecologistas franceses e militantes vindos da Bélgica, Suécia e Espanha, Greta disse, em inglês, que a construção dessa estrada "deve parar".

A ativista sueca Greta Thunberg chega a Saix, no sul da França, onde militantes ecologistas protestam contra a construção de uma rodovia na região.
A ativista sueca Greta Thunberg chega a Saix, no sul da França, onde militantes ecologistas protestam contra a construção de uma rodovia na região. AFP - LIONEL BONAVENTURE
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“Estamos aqui em solidariedade com aqueles que resistem a este projeto e a esta loucura”, declarou a jovem ativista sueca ao chegar a Saix, ponto de encontro dos manifestantes a oeste de Castres. 

Vestida com uma capa de chuva de cor fúcsia, um capuz cinza cobrindo os cabelos e um keffiyeh palestino ao redor do pescoço – o lenço xadrez que representa a luta palestina –, Greta denunciou um projeto que “destruirá a natureza e terras inestimáveis, além de nos fechar num sistema tóxico baseado na exploração, extração e poluição”. “Isto tem de parar”, acrescentou ela, falando em inglês, antes de dizer em francês: “Parem com a A69!”. 

O movimento de protesto contra a construção da rodovia parecia ter perdido força nos últimos meses. De acordo com a empresa Atosca, que obteve a concessão da estrada, "45% do orçamento do projeto já foi empenhado" e "95% do desmatamento previsto [para o traçado da obra] foi realizado".

“Infelizmente, este tipo de projeto não é específico da França, acontece em todo o mundo e é sintomático de uma crise global”, disse Greta. Ela indicou que irá à região de Bordeaux neste domingo (11) para apoiar os opositores a um projeto de exploração de petróleo na área.

Ativistas condenam desmatamento

A "cabanada", como está sendo chamado o fim de semana de mobilização em Saix, foi organizada pelo coletivo de militantes "La voie est libre" (o caminho está livre, em tradução livre). Os defensores do meio ambiente programaram workshops, mesas-redondas e concertos num armazém localizado em um terreno particular. 

A cerca de 400 metros do local, os ativistas construíram cabanas em árvores que se encontram no traçado da rodovia e que serão cortadas, caso o projeto avance. No local, os militantes instalaram uma "ZAD", iniciais de "zona a defender", um tipo de mobilização que se tornou frequente entre os ecologistas franceses. O objetivo é impedir a continuidade das obras, principalmente depois que o novo primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, confirmou a manutenção do projeto.

Confronto entre policiais e militantes

No final da manhã, cerca de cem ativistas bloquearam a ferrovia entre Toulouse e Castres e instalaram obstáculos nos trilhos. A polícia tentou desalojar os militantes por meio do uso massivo de bombas de gás lacrimogênio, mas não conseguiu penetrar na ZAD. Houve confronto entre as tropas de choque e militantes, que relançaram as bombas de gás junto com raquetes de tênis contra os policiais, segundo um fotógrafo da AFP.

Enquanto os policiais tentavam desbloquear a ferrovia e o acesso ao terreno onde os ativistas estavam reunidos, Greta e os demais integrantes das delegações vindos de outras regiões da França e do exterior ficaram no armazém para ouvir discursos e interagir entre eles.

Obra irrita nova geração de franceses

"Eu cresci em Toulouse. Quando há protestos ecológicos na França, eu participo. Precisamos impedir esses projetos, não temos tempo para esperar que a nossa geração assuma o comando" do país, explicou Amine Messal, de 25 anos. Este jovem francês se apresenta como um "ativista internacional" e membro da associação "La voie est libre", que convenceu Greta Thunberg e outros representantes a virem apoiar os militantes dessa região.

Na sexta-feira (9), o chefe da polícia local informou que havia “emitido uma ordem proibindo manifestações e reuniões” no sábado e domingo em Saix, citando “riscos de grandes perturbações à ordem pública”. “Não é proibida a reunião em propriedade privada, com o acordo do proprietário”, disseram, no entanto, os serviços do Estado à AFP no sábado.

Ícone de luta planetária de jovens

A presença de Greta no sul da França “permite que a luta contra a A69 seja plenamente divulgada em nível internacional e nacional, e incentiva os líderes políticos a fazerem um balanço da sua teimosia”, sublinhou na sexta-feira (9) um dos grupos organizadores da mobilização deste fim de semana, No Macadam.

Ao participar de manifestações em vários países da Europa, Greta tem enfrentado vários processos judiciais.

O governo francês está determinado a levar o projeto “até o fim”. A estrada reduziria o tempo de trajeto entre Castres e Toulouse em cerca de 20 minutos, em relação à viagem de trem. A previsão é de que a rodovia seja aberta à circulação em 2025. 

Na sexta-feira, antes da chegada de Greta, o presidente do Conselho Departamental de Tarn, Christophe Ramond, enviou uma mensagem à sueca: “Querida Greta Thunberg (...) a rodovia A69 representa uma necessidade vital para o Tarn e seus habitantes”, declarou Ramond.

(Com AFP)

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