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Transferência milionária de Neymar para o PSG é alvo de operação da Polícia Judiciária francesa

A transferência de Neymar do Barcelona para o Paris-Saint Germain, em 2017, continua a ser investigada na França. A Polícia Judiciária francesa realizou buscas na segunda-feira (15) no Ministério da Economia e Finanças para averiguar suspeitas de que o PSG teria recebido benefícios fiscais do governo para reduzir a tributação sobre os € 222 milhões que pagou para o brasileiro deixar o Barça. O nome do atual ministro do Interior, Gérald Darmanin, aparece no caso.

Transferência de Neymar para o PSG: Ministério das Finanças francês é alvo de inspeção.
Transferência de Neymar para o PSG: Ministério das Finanças francês é alvo de inspeção. AP - Luca Bruno
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As suspeitas foram reveladas pelo site de jornalismo investigativo Mediapart. Nesta quinta-feira (15), a agência AFP obteve a confirmação de fontes próximas do caso de que policiais do Escritório Central de Combate à Corrupção e Fraude Fiscal da Direção Nacional da Polícia Judiciária estiveram, na segunda-feira, na Direção Geral de Finanças Públicas para recolher documentos. Os policiais fizeram buscas no escritório do diretor-geral, Jérôme Fournel, recentemente nomeado chefe de gabinete do ministro das Finanças, Bruno Le Maire.

Essas suspeitas, que só agora estão sendo investigadas, fazem parte de um amplo inquérito iniciado em setembro de 2022 por juízes de instrução sobre ações de lobby realizadas por Jean-Martial Ribes, de 57 anos, ex-diretor de comunicação do PSG. Ribes – já indiciado por corrupção e tráfico de influência ativo – teria pressionado o governo francês para obter "favores fiscais" relacionados com a cláusula de rescisão do contrato de Neymar com o Barça. Na época, foi a transferência mais cara da história do futebol.

De acordo com a legislação francesa, o montante milionário que o PSG pagou a título de multa por rescisão poderia ser considerado como um adiantamento do salário do atacante brasileiro na França. Se os juízes franceses confirmarem essa hipótese, o PSG deveria ter recolhido a contribuição devida à Seguridade Social sobre a quantia e pago imposto de renda. 

Deputado governista trocou mensagens com ministro 

O Judiciário francês busca indícios que possam comprovar se o então vice-presidente da Assembleia Nacional, deputado Hugues Renson, do partido do presidente Emmanuel Macron (Renascença), tentou obter, com contatos que tinha na cúpula do governo, "vantagens fiscais" para o PSG.

Em um relatório de investigação enviado ao juiz de instrução em 21 de novembro de 2023, revelado pelo jornal Libération e consultado pela AFP, a Inspetoria Nacional de Polícia levantou questões sobre um possível "tráfico de influência" envolvendo o deputado da ala governista.

O documento reúne dez anos de SMSs e mensagens de WhatsApp trocadas pelo ex-diretor de comunicação do PSG, o deputado Hugues Renson e uma ex-assessora do Palácio do Eliseu, Charlotte Casasoprana, entre outras personalidades. Ribes tinha a plena confiança do poderoso presidente do PSG, Nasser Al-Khelaifi – próximo do emir do Catar – para realizar essas ações de bastidores.   

Segundo o relatório da Inspetoria, em 24 de julho de 2017, o deputado declarou que estava transmitindo a Gérald Darmanin, atual ministro do Interior que na época era titular das Contas Públicas, um "assunto do PSG" que parecia ser a tributação da transferência.

Na época, Darmanin saudou publicamente "os impostos que Neymar [poderia] pagar na França" e garantiu que assessores do ministério analisariam a operação financeira da transferência. Em 3 de agosto, o histórico negócio de € 222 milhões foi concluído e anunciado.

Darmanin não quis comentar as buscas judiciais. Titular da pasta da Ação e das Contas Públicas de 2017 a 2020, atualmente ele é considerado um peso-pesado do governo de Emmanuel Macron. 

Com AFP

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