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França: Promotoria confirma pedido de um ano de prisão a ex-presidente Nicolas Sarkozy por financiamento ilegal

Uma sentença de um ano de prisão suspensa foi solicitada contra o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy no julgamento do recurso sobre os gastos excessivos de sua campanha presidencial em 2012, pela qual ele foi condenado em primeira instância a um ano de prisão com sursis. De acordo com o promotor público, o ex-presidente "infringiu conscientemente o limite legal de despesas eleitorais".

Nicolas Sarkozy no lançamento de suas memórias em 25 de agosto de 2023.
Nicolas Sarkozy no lançamento de suas memórias em 25 de agosto de 2023. AFP - CHRISTOPHE ARCHAMBAULT
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A sentença com sursis, decretada em primeira instância contra Nicolas Sarkozy, é o mesmo que a suspensão condicional da pena. Trata-se de um dispositivo previsto em lei que se aplica à execução da pena privativa de liberdade, não superior a dois anos, podendo ser suspensa, por dois a quatro anos, desde que o condenado não seja reincidente em crime doloso, e levando em conta a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício.

A sentença não parece pesada, mas mancharia a biografia de um ex-presidente da França. "Não havia nada de inevitável nessa farra de gastos", disse o promotor público Bruno Revel em seus argumentos finais. "Foi o resultado de uma escolha imposta pelo candidato", atacou.

No entanto, o promotor pediu que a sentença fosse suspensa em sua totalidade, já que o ex-chefe de Estado (2007-2012) "não é acusado de estar na origem do sistema implantado" para ocultar a explosão de gastos em sua campanha (quase € 43 milhões, quando o teto legal era de € 22,5 milhões) ou de "ter sido informado" disso.

No primeiro julgamento, o promotor público pediu um ano de prisão, seis meses dos quais foram suspensos, e Sarkozy foi condenado em setembro de 2021 a um ano de prisão. No entanto, o tribunal criminal pediu que essa sentença fosse ajustada diretamente para prisão domiciliar sob vigilância eletrônica.

O advogado de Nicolas Sarkozy, Vincent Desry, deve abrir a defesa na manhã desta sexta-feira (1°). A promotoria pediu sentenças entre 18 meses e quatro anos de prisão, todas suspensas, bem como multas entre € 10.000 e € 30.000 e desqualificação ou inelegibilidade para o cargo para alguns dos outros nove réus, julgados novamente no caso desde 8 de novembro.

"Aceleração espetacular de gastos"

Nesse caso, conhecido como Bygmalion, nome da empresa que organizou as reuniões de campanha do candidato de direita, 14 indivíduos foram condenados em primeira instância a até três anos e meio de prisão, parte dos quais com pena suspensa.

Três deles não recorreram, portanto suas sentenças são definitivas, e um quarto recorreu apenas por danos civis.

No início de suas alegações finais, o promotor público lembrou as "constantes deste caso": "O teto de gastos da campanha de Nicolas Sarkozy foi ultrapassado, o excesso foi aceito e o excesso foi ocultado".

De acordo com ele, não foi decidido "desde o início" "violar as regras" sobre despesas eleitorais, mas "em algum momento", elas foram "jogadas pela janela" e "foi feita a escolha deliberada de apressar o processo". "A aceleração dos gastos foi espetacular", observou o outro promotor público, Serge Roques.

Ao contrário dos demais réus, o ex-presidente francês não é acusado no sistema de faturas falsas criado para ocultar a explosão de gastos de campanha.

No entanto, em sua sentença, o tribunal enfatizou que Sarkozy "continuou a organizar reuniões eleitorais", "solicitando uma reunião por dia", apesar de ter sido "avisado por escrito" sobre o risco de excessos legais e, posteriormente, de excessos reais.

"Fábulas" e "mentiras"

Durante seu interrogatório na última sexta-feira, Nicolas Sarkozy, como no primeiro julgamento, "negou vigorosamente qualquer responsabilidade criminal", denunciando "fábulas" e "mentiras".

Ele também acusou pessoas próximas ao seu rival Jean-François Copé (seu chefe de gabinete Jérôme Lavrilleux, vice-diretor da equipe de campanha, e a agência de comunicação Bygmalion) de terem enriquecido.

Anteriormente, o ex-diretor administrativo da Bygmalion, Guy Alves, havia dito que o candidato tinha sido o "único beneficiário" do sistema de notas falsas, opinião compartilhada por Lavrilleux, o único funcionário da então partido UMP (que depois mudou de nome para Os Republicanos, de direita) que admitiu ter encoberto o sistema de faturamento duplo.

Esse caso se soma a outros problemas legais para Nicolas Sarkozy: em maio passado, ele foi condenado a três anos de prisão, um dos quais não suspenso, no caso das escutas telefônicas, uma decisão contra a qual ele recorreu ao Tribunal de Cassação.

O ex-chefe de Estado comparecerá ao tribunal em 2025 por suspeita de financiamento líbio de sua campanha presidencial de 2007. Ele também foi indiciado no início de outubro em relação à retratação das declarações feitas pelo intermediário Ziad Takieddine.

(Com AFP)

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