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França busca união contra obscurantismo islâmico após assassinato de professor

A repercussão do assassinato na sexta-feira (13) do professor de francês e literatura Dominique Bernard em Arras (norte) continua dominando as manchetes na França. O crime, investigado pela Procuradoria antiterrorista, provoca abatimento entre alunos e principalmente entre os 853.000 professores do país, que veem a mesma história se repetir. Há exatamente três anos, o professor de história e geografia Samuel Paty foi decapitado em situação análoga, por um jovem checheno radicalizado. 

Pessoas têm deixado mensagens com homenagens e flores em frente à escola de ensino médio Gambetta, em Arras, onde um professor foi assassinado a facadas, em 13 de outubro, por um jovem extremista islâmico de família chechena.
Pessoas têm deixado mensagens com homenagens e flores em frente à escola de ensino médio Gambetta, em Arras, onde um professor foi assassinado a facadas, em 13 de outubro, por um jovem extremista islâmico de família chechena. AFP - DENIS CHARLET
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Em foto de capa, nesta segunda-feira (16), o jornal Libération mostra a expressão de profunda tristeza de professores, pais e alunos de Arras, que se reuniram ontem na praça central da cidade para prestar uma homenagem ao docente assassinado a facadas.

Em seu editorial, o jornal diz que três anos após a morte de Paty, a França volta a fazer um minuto de silêncio em todas as escolas do país às 14h (horário local) num ato póstumo. Na avaliação do veículo progressista, essas homenagens são necessárias "para enviar uma mensagem simbólica de fraternidade e de união da nação diante do ódio e da barbárie de fanáticos", uma espécie de 'escudo democrático' que se forma contra o obscurantismo islamita.

"Prestar uma homenagem a Dominique Bernard e lembrar Samuel Paty é honrar a matriz laica e republicana francesa", diz o Libération. "É vital que esses momentos de silêncio, esses sinais de respeito, existam, para sinalizar a concórdia e não ceder à polêmica", escreve o diário, lamentando que, nos últimos anos, a escola francesa e seus professores tenham sido maltratados por cortes orçamentários e reformas mal concebidas. Os franceses crescem ouvindo que a escola pública, aberta a todos e laica, é a base do pacto democrático republicano.

Em seu editorial, o jornal Le Parisien diz que a tristeza vista no olhar dos participantes da homenagem em Arras continha "a dignidade de pessoas que querem apenas viver em paz", que estão cansadas do terrorismo islâmico. No mesmo texto, o diário francês faz uma advertência sobre as reações ao conflito no Oriente Médio, como os incidentes de antissemitismo vistos no fim de semana na Europa, entre eles as estrelas de Davi pintadas em casas e prédios de judeus em Berlim, que recordam os horrores do nazismo. 

"Devemos fazer tudo o que pudermos para garantir que a armadilha montada pelo Hamas, que trava uma guerra de civilização, não se feche sobre nós", escreve o editorialista do Le Parisien. O jornal recorda um citação do Prêmio Nobel da Paz de 1986, Elie Wiesel, nascido em uma família de judeus na Romênia e que sobreviveu a dois campos de concentração.  'A neutralidade ajuda o opressor, nunca a vítima. O silêncio encoraja o perseguidor, nunca o perseguido".

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