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Morte de menino por traficantes expõe dificuldades de luta contra narcobanditismo na França

Os jornais franceses desta quarta-feira (23) repercutem a morte de uma criança em Nîmes, no sul da França, "vítima colateral" do tráfico de drogas. O drama comoveu o país e traz à tona as dificuldades do governo de lutar contra a criminalidade.  

Policiais patrulham bairro de Pissevin, em Nimes, palco de um acerto de contas entre narcotraficantes que terminou com a morte de um menino de 10 anos na segunda-feira (21).
Policiais patrulham bairro de Pissevin, em Nimes, palco de um acerto de contas entre narcotraficantes que terminou com a morte de um menino de 10 anos na segunda-feira (21). AFP - NICOLAS TUCAT
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"Fayed, 10 anos, morto a bala" é a manchete do jornal Le Parisien, que estampa sua capa com uma foto do bairro onde a tragédia ocorreu, na segunda-feira (21). O diário reproduz uma frase da procuradora de Nîmes para explicar a morte da criança: "no lugar errado, no momento errado".

Le Parisien diz que o drama poderia ocorrer no México ou na Colômbia, "acostumados com guerras sangrentas entre cartéis". Mas ocorreu na França, em um bairro de Nîmes conhecido por ser dominado pelo tráfico de drogas.

Novas revelações sobre o caso

A tragédia também é abordada pelo jornal Libération que traz as últimas revelações sobre o caso. Fayed e o irmão de 7 anos voltavam com o tio de um restaurante, por volta das 23h de segunda-feira, quando o veículo foi atingido por balas, provavelmente de uma arma do tipo kalachnikov. O tio de Fayed também ficou ferido, mas sobreviveu aos ferimentos e o irmão saiu ileso, destaca Libé, lembrando que a família não tem nenhuma relação com o tráfico. 

A matéria indica que, segundo fontes policiais, os autores dos tiros seriam quatro homens, todos eles seguem foragidos. Já Le Figaro revela que, no momento em que o tio de Fayed tentava estacionar o carro em uma rua do bairro Pissevin, dois grupos de narcotraficantes chegavam ao local para um acerto de contas. O veículo do tio do menino pode ter sido confundido com outro envolvido em um tiroteio na véspera. "No total, cerca de 50 balas foram encontradas na área da tragédia", diz o texto, destacando que tiros chegaram a atingir o 12° andar de um prédio.

Expansão do narcobanditismo

Em entrevista ao jornal La Croix, um policial de Nîmes afirma que o drama mostra a expansão do narcobanditismo na região. Segundo ele, antigamente, os acertos de contas entre traficantes eram realizados de perto, com a preocupação que os envolvidos fossem atingidos. Hoje, diz o policial, "mata-se de longe, com tiros de kalachnikov, sem a preocupação que balas possam atingir inocentes. 

O diário também ressalta que 70% da população do bairro onde Fayed foi morto vive abaixo da linha da pobreza. A taxa de desemprego no local atinge 40% dos moradores. "Nessas condições, é muito difícil lutar contra o dinheiro fácil do tráfico", diz ao jornal Raouf Azzouz, diretor do centro social Les Mille Couleurs, que atua no local. "Como convencer adolescentes a continuar estudando quando eles podem ganhar 200 ou 300 euros por dia apenas vigiando áreas para traficantes?", questiona. 

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