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Após crises, França passa por reforma e troca ministros da Educação e da Saúde

O governo francês anunciou nesta quinta-feira (20) uma reforma ministerial que toca duas das mais importantes pastas e dos maiores orçamentos: a Educação e a Saúde. À frente da Educação Nacional, sai o historiador Pap Ndiaye, especialista em diversidade, e entra um jovem político em ascensão, Gabriel Attal, de apenas 34 anos. Na Saúde, sai o médico urgentista François Braun e para ser substituído por Aurélien Rousseau, ex-chefe de gabinete da primeira-ministra Élisabeth Borne.

Ao contrário do que especulava a imprensa francesa, a primeira-ministra, Élisabeth Borne, continua no governo após a reforma ministerial.
Ao contrário do que especulava a imprensa francesa, a primeira-ministra, Élisabeth Borne, continua no governo após a reforma ministerial. AP - Mohammed Badra
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Há meses a França aguarda uma mudança no governo. Depois da tensão que tomou o país com a adoção forçada da reforma da Previdência, o presidente francês, Emmanuel Macron, pediu cem dias para apaziguar os ânimos e avançar em sua agenda social. Vencido o prazo e sem encontrar tranquilidade, o país esperava atentamente o anúncio da reforma ministerial.

A dança de cadeiras é mais restrita do que se imaginava, mas mexe com dois postos de grande importância política e financeira para o governo. E a escolha de uma pessoa próxima da primeira-ministra, chefe de governo, para a Saúde mostra que ela segue mais forte do que a imprensa francesa imaginava.

Os pesos pesados do governo seguem em seus lugares: Bruno Le Maire na Economia, Gérald Darmanin no Interior, Catherine Colonna nas Relações Exteriores, Sébastien Lecornu na Defesa, Olivier Dussopt no Trabalho, Christope Béchu na Transição Ecológica e Olivier Véran como porta-voz.

Macron vai se reunir nesta sexta-feira (21) com os membros de seu novo governo. Espera-se que o presidente faça um pronunciamento à nação nos próximos dias para lançar seus planos para os próximos anos, depois de passar pela crise da Previdência e pelos numerosos e violentos protestos causados pelo assassinato de um adolescente por um policial

Ajustes mais rápidos

Educação e Saúde são duas da prioridades do segundo mandato de Macron, mas os dois ministros escolhidos no início do governo não conseguiram levar adiante mudanças significativas nessas áreas.

Segundo pessoas próximas de Macron, a troca é uma tentativa de agilizar as reformas e colocar à frente dessas duas pastas personalidades fortes - Pap Ndiaye e François Braun eram percebidos como ministros apagados dentro do governo. 

A reforma ministerial é uma estratégia para dar novo fôlego ao governo, que tem lutado contra uma forte oposição sem ter maioria na Assembleia Nacional. 

No entanto, as mudanças feitas podem não ser suficientes para garantir a calma. "Os franceses queriam uma grande reforma com uma mudança de primeiro-ministro e com a saída de ministros impopulares", avalia Céline Bracq, do instituto de pesquisas Odoxa.

Para a imagem do governo, a saída de Pap Ndiaye da Educação Nacional pode acontecer no pior momento. Apesar de não ter seu trabalho como ministro bem avaliado, sua substituição acontece uma semana depois dele ser alvo de assédio da extrema direita por ter acusado um canal de televisão, a CNews, de estar a serviço da extrema direita.

"O sinal enviado é terrível. O de servilismo para com Bolloré", bilionário dono do canal de notícias, lamentou a líder dos ambientalistas Marine Tonderier. "Uma vergonha".

No lugar de Ndiaye, entra o jovem Gabriel Attal, que já foi porta-voz do governo no primeiro mandato de Macron e estava à frente das Contas Públicas.

Outras alterações

O deputado renascentista Thomas Cazenave assume o ministério das Contas Públicas.

O ministro da Solidariedade Jean-Christophe Combe será substituído por Aurore Bergé, presidente do grupo Renascimento na Assembleia Nacional, que liderou os debates da Reforma da Previdência.

Olivier Klein também deixa o governo. Seu ministério foi partido em dois e agora a Habitação será comandada por Patrice Vergriete, prefeito de Dunquerque. A Cidade fica com a deputada renascentista de Marselha, Sabrina Agresti-Roubache.

A secretária de Estado da Economia Social e Solidária, Marlène Schiappa, que ficou conhecida por posar na Playboy, vai deixar o executivo após ter sido denunciada por suspeitas de desvio na gestão de um fundo de financiamento público, o Fundo Marianne.

Apesar das alterações na composição dos ministérios, o governo de Macron seguirá sem ter maioria na Assembleia Nacional.

Na última quarta-feira, Macron afirmou para seus deputados aliados que pretende nos próximos meses tocar projetos sobre a imigração e respostas às revoltas urbanas vistas em junho e julho. A volta ao trabalho legislativo, em setembro, promete ser animada.

(Com AFP)

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