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Negociante de antiguidades renomado é julgado por venda de móveis de época falsos em Paris

O parisiense Jean L., 93 anos, dono de um ateliê situado na rua Faubourg Saint Honoré, ao lado do Palácio do Eliseu, será julgado a partir desta segunda-feira (12), no Tribunal Correcional da capital. Ele é suspeito de ter enganado seus clientes durante anos e de ter enriquecido vendendo móveis de época falsificados por ele mesmo.

Uma mesa de Charles André Boulle, marceneiro de Luís XIV. Foto ilustrativa
Uma mesa de Charles André Boulle, marceneiro de Luís XIV. Foto ilustrativa Museum für Angewandte Kunst Frankfurt
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O inquérito teve início em 2014, depois da denúncia de um outro negociante do ramo. Jean L., especialista de móveis do século 18, iniciou sua carreira nos anos 1940, aos 14 anos, e era considerado até então um "descobridor talentoso de objetos raros". Seu ateliê é situado na rua Faubourg Saint-Honoré, ao lado do Palácio do Eliseu, a sede da Presidência Francesa.

A investigação da polícia mostrou que, nos anos 2000, o negociante começou a ter problemas financeiros. Nessa época, ele teve a ideia de criar as peças falsas, colocando, por exemplo, ornamentos de bronze novos em cima dos móveis e os apresentando como antiguidades legítimas. Para produzir os objetos, o negociante se baseava em fotos ou croquis.

Em seu escritório, os investigadores encontraram cerca de trinta estampas com o nome de marceneiros famosos, para provar a autencidade da mobília. Os antiquários consideram um objeto "restaurado" apenas se uma proporção limitada do objeto é alterada. Essa mudança se justifica para que a reconstituição se aproxime o máximo possivel do original.

Jean L. defende que ele realiza o que chama de"restituição". O processo, explica, consiste em detectar detalhes ausentes em algumas peças e reintegrá-los, utilizando a documentação existente. O problema é que, neste caso, o comprador deve ser informado.

Falsário genial

Jean L. se aposentou há dez anos e seus problemas de saúde o impedem de participar do processo presencialmente, segundo seu advogado de defesa, Antoine Vey. Ele espera obter um adiamento do julgamento até a emissão de um laudo pela perícia médica. O objetivo da defesa é estabelecer legalidade do procedimento na Justiça, levando-se em conta a idade do réu, "sem dúvida um dos mais velhos da história".

"Você é o falsário mais genial de todos os tempos", escreveu a Jean L. o negociante de antiguidades que acabou por denunciá-lo. Um dos empregados do ateliê explicou que fez apenas cinco restaurações de móveis em 13 anos. No restante do tempo, ele criou cópias de outras peças. Caso se negasse a fazê-lo, seria demitido.

Peça de € 2,6 milhões

A legitimidade dos móveis era validadas pelo próprio negociante, que era membro de um dos principais sindicatos de antiquários, o CNE. Algumas peças, como uma mesa falsificada de André-Charles Boulle, marceneiro do rei Luís XIV, chegou a ser vendida por € 2,6 milhões em 2007.

A maior parte do dinheiro obtida com essas vendas foi desviada para paraísos fiscais, principalmente no Panamá. A dissimulação dos ganhos é alvo de outro processo. 

O negociante afirma que todos seus bens estão em contas francesas, mas a polícia descobriu que ele pediu a um primo, Gilles D. que o ajudasse a esconder os fundos enviando o dinheiro para bancos no Catar. O problema é que, nessa transação, o primo teria roubado € 6 milhões, gastos em carros, roupas de luxo e viagens. 

Ele justifica que apenas acompanhava o antiquário francês, que não falava inglês e era muito idoso para viajar sozinho. O processo de falsificação está previsto para terminar no próximo 26 de junho.

(Com informações da AFP)

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