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Bia Haddad vence espanhola e passa às quartas de final de Roland-Garros

Foi a partida mais longa desta edição do torneio feminino francês. Em 3h51min, a brasileira Bia Haddad Maia venceu de virada e passou pela primeira vez na carreira às quartas-de-final de um Grand Slam. Nesta segunda-feira (5), ela derrotou a espanhola Sara Sorribes Tormo em Roland-Garros por 2 sets a 1, com parciais de 6/7, 6/3 e 7/5. Na próxima rodada, ela encara a tunisiana Ons Jabeur.

Bia avança em Roland-Garros e vai disputar a primeira quarta-de-final de um Grand Slam na carreira.
Bia avança em Roland-Garros e vai disputar a primeira quarta-de-final de um Grand Slam na carreira. © Pierre-René Worms/RFI
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Maria Paula Carvalho, de Roland-Garros

Antes mesmo de entrar na quadra Suzanne-Lenglen, uma das principais do complexo de Roland-Garros, na zona oeste de Paris, a tenista de São Paulo, Beatriz Haddad Maia, já tinha feito história. Afinal, desde 1979, com Patrícia Medrado, que o Brasil não tinha uma representante nas oitavas de final do torneio de simples. Aos 27 anos, 14.ª do ranking mundial, Bia enfrentou a número 132 do mundo num jogo emocionante e sem favoritismo.

Diante da torcida que se dividiu entre as duas adversárias, a partida foi disputada desde o primeiro set. A espanhola saiu na frente e mesmo com Beatriz dominando a maior parte do primeiro set, chegando a uma parcial de 5 a 2 e estando próxima de fechar a primeira parte do confronto, ela acabou vendo a adversária se recuperar e empatar, vencendo no tie break 7/6 (7-3).

Beatriz começou perdendo o segundo set, com uma parcial de 3 a 0 para a espanhola. Mas reagiu. Numa dupla falta de Sara, a brasileira conseguiu empatar em 3/3. Ela ganhou confiança e fechou o set com 6/3.

Com três horas de partida, o terceiro set estava empatado em 2/2. Mas nenhuma das jogadoras estava disposta a entregar o jogo. Bia teve chances de fechar, mas um duplo erro de saque dificultou ainda mais as coisas. Numa troca de bolas curtas na rede, a espanhola buscou e empatou o último set em 5/5.

“Muito sofrido. Tem alguns erros que ela podia ter evitado, mas tênis é tênis, sempre complicado”, disse na arquibancada Ricardo de Oliveira. “Mas vamos ver se ela repete algo perto do que Guga fez, para nós brasileiros é muito importante”, completou o empresário de Brasília, que torcia muito pela tenista brasileira.

Apesar do saque firme e boas jogadas, o tão esperado ponto para fechar o game não saía. Pior, ela acumulou vários erros e que pareciam decisivos. Bia trocava algumas palavras com o técnico, Rafael Paciaroni, atento da arquibancada. A brasileira conseguiu manter o bom nível até o fim e precisou de quatro match points para encerrar a batalha com uma parcial final de 7/5 e vencer a partida por 2 sets a 1, garantindo uma classificação histórica.

“É o jogo da vida dela, estou muito feliz de estar aqui. Ela está sensacional”, disse à RFI a torcedora Paula Moreira. “Levou muitos anos sem chegarmos até aqui, é um jogo muito importante para ela e para todos os brasileiros”, completou a paulista que trabalha num banco de investimentos.

Bia conquistou a vaga para as oitavas de final de Roland-Garros ao vencer, no sábado (3), a russa Ekaterina Alexandrova por 2 sets a 1. A brasileira também deu sorte com a desistência da número 4 do ranking mundial, a cazaque Elena Rybakina, que ficou doente e saiu da competição.

Nas quarta-de-final a brasileira vai enfrentar a tunisiana Ons Jabeur, 7 do ranking mundial, que derrotou nesta segunda-feira a americana Bernarda Pera por 2 sets a 0 (parciais de 6/3 e 6/1). 

Ultrapassando limites

Emocionada ao microfone, ao fim da partida, ela primeiro agradeceu a todos os brasileiros que vieram torcer por ela em Paris. “Quando se joga grandes partidas de 4 horas não é só tênis”, explicou. “Muitas coisas vêm à cabeça e eu sabia que faltava pouco”, completou. “Estou feliz de não ter desistido e de ter ido até o meu limite e ter vencido”, disse aliviada. “Até o (Novak) Djokovic fica nervoso, porque eu não ficaria?”, resumiu a atleta.

Beatriz Haddad ainda foi perguntada sobre o ídolo brasileiro Gustavo Kuerten, três vezes campeão em Roland-Garros. “O Guga é um ídolo, eu tinha somente 1 ano na primeira conquista dele. Mas Guga é importante para todos os tenistas”, concluiu.

Em toda a história do tênis brasileiro, Bia se iguala a Maria Esther Bueno, única atleta do país até hoje a chegar às quartas de final em Roland-Garros, o tradicional torneio de saibro francês.

“Feliz demais! Tinha hora que parecia que já tinha perdido, foi na garra”, disse Bernardo Ávila, administrador de empresas do Paraná, que desfilava orgulhoso com a camisa da seleção brasileira após a partida.

“A espanhola salvou três match points, que loucura”, disse à reportagem Caio Amador, engenheiro, na torcida do Brasil.

“Jogou bem para caramba. Teve cabeça, perdeu três match points e teve cabeça para voltar para o jogo”, disse Guilherme Pereira, empresário de São Paulo, já de olho no próximo confronto.“Vamos ver se ela consegue ganhar, mas já fez bonito demais. Se não ganhar já é uma linda vitória”, define.

Caio Amador, engenheiro, na torcida do Brasil em Roland-Garros.
Caio Amador, engenheiro, na torcida do Brasil em Roland-Garros. © RFI

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