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França tem prazo de 6 meses para controlar pesca e proteger golfinhos

A triste cena se repete em diversas praias da França. Um grande número de golfinhos tem ficado preso em redes de pesca, antes de encalharem na areia. Acionado em 2021 por diversas associações de defesa do meio ambiente, o Conselho de Estado francês deu o prazo de seis meses para o Governo proibir a pesca em determinadas zonas do Atlântico e proteger melhor essa espécie em perigo.

O Conselho de Estado ordenou o fechamento de áreas de pesca para proteger os golfinhos na costa atlântica da França.
O Conselho de Estado ordenou o fechamento de áreas de pesca para proteger os golfinhos na costa atlântica da França. AFP - PHILIPPE LOPEZ
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A população de golfinhos vem diminuindo há anos no litoral oeste da França e principalmente as comunidades locais têm alertado sobre animais encontrados mortos na costa atlântica. Na segunda-feira (20), o Conselho de Estado ordenou ao Governo o encerramento de algumas zonas de pesca no Atlântico, a fim de preservar os golfinhos.

Desde o final de fevereiro, o presidente Emmanuel Macron admite a necessidade da França "melhorar [suas] práticas" para proteger os golfinhos.

Um relatório publicado também em fevereiro pelo observatório Pelagis, que registra encalhes de cetáceos na costa atlântica desde 1970, aponta que a população de golfinhos no Atlântico Nordeste está diminuindo constantemente e "pode ​​desaparecer em 40 ou 50 anos", se nada for feito.

Ameaçados de extinção

Em 2020, 1.299 golfinhos foram encontrados mortos nas costas francesas. Em 2022, esse número caiu para 669. Porém, como mais de 80% dos golfinhos mortos afundam ou se decompõem no mar antes de encalharem nas praias, a mortalidade anual na costa atlântica é estimada entre 8 mil e 11 mil animais dessa espécie.

De acordo com o Conselho de Estado francês, o número de mortes de golfinhos por captura acidental "excede o limite máximo anual para garantir um estado de conservação favorável no Atlântico Nordeste às espécies de pequenos cetáceos", duas das quais - o golfinho e o boto - estão ameaçadas de extinção, "pelo menos regionalmente".

O órgão ordenou a adoção de medidas adicionais “para estimar com maior precisão o número de capturas anuais de pequenos cetáceos” e continuar “reforçando o sistema de observação no mar”.

“É claro que é um dia importante para todos os que amam o mar e para poucos que têm investido a vida nesta luta”, comemorou a Associação para a Defesa dos Ambientes Aquáticos (DMA). A Sea Shepherd France, por sua vez, considerou a decisão uma "vitória histórica". “O governo se vê obrigado a encerrar a pesca destrutiva”, reagiu a ONG, apontando que “este inverno trouxe um novo episódio intenso de mortandade de golfinhos”.

"Efeitos irreversíveis"

Já os pescadores expressaram preocupação. “Esta decisão é incompreensível e terá efeitos irreversíveis para a pesca francesa”, alertou o presidente do Comitê Nacional de Pesca, Olivier Le Nezet. Ele pediu uma reunião "com urgência" com o ministro francês da Agricultura para analisar "o impacto desta decisão".

“Se [a decisão] não for compensada, não vai dar certo, e o Estado vai ter que ter um talão de cheques substancial, porque a proibição vai deixar mais de 500 barcos parados e é toda a indústria que vai sofrer. Economicamente é uma calamidade", reagiu Olivier Mercier, chefe de pesca baseado na Baía de Arcachon, na costa sudoeste da França, cujos navios estariam equipados com um dispositivo repelente de golfinhos.

(Com informações da AFP)

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